A Fundação Rural Mineira (Ruralminas) publicou o edital de licitação para dar continuidade às obras de revitalização das sub-bacias hidrográficas do Rio São Francisco. Nesta nova etapa do projeto, vão ser construídas bacias de captação de água de enxurradas, terraços e cercamentos para as nascentes e a vegetação local. Estradas vicinais vão ser readequadas com enfoque ambiental.
As áreas onde serão empreendidas as obras abrangem 21 municípios mineiros de quatro territórios: Oeste (Divinópolis, Pedra do Indaiá, São Gonçalo do Pará, Martinho Campos, Arcos, Japaraíba, Medeiros e Santo Antônio do Monte); Noroeste (João Pinheiro, Paracatu e Lagoa Formosa); Norte (Campo Azul, Pirapora, Ponto Chique, Santa Fé de Minas, São João da Lagoa, Bocaiúva, Brasília de Minas e Luislândia); e Metropolitana (Juatuba e Funilândia).
O engenheiro agrônomo da Ruralminas, Wender Guedes Borges, esclarece que um dos principais objetivos do projeto é elevar volume de água dos lençóis freáticos nas áreas rurais destes municípios. “Quando se faz a bacia, a água da chuva é retida e aumenta o lençol freático, que alimenta as propriedades rurais. Os poços artesianos só retiram água do lençol freático”, explica.
O especialista ainda enfatiza que as intervenções vão evitar a degradação dos terrenos, como as erosões, e a lixiviação – processo em que a água, em especial as enxurradas, causa a perda dos minerais presentes no solo, tornando-o improdutivo. “Vamos evitar que o produtor perca a camada fértil do solo com as chuvas, o que pode provocar também o assoreamento dos rios”, antecipa o engenheiro.
Wender Borges também frisa o trabalho em prol da proteção das nascentes com os cercamentos. Os animais, sobretudo os bovinos e os equinos, comprometem os olhos d’água, pisoteando-os e poluindo-os, por exemplo. “As matas de topo funcionam como um guarda-chuva para a montanha, protegendo o solo. Por isso, também precisamos mantê-las”, salienta.
Por sua vez, nas estradas as obras de engenharia vão facilitar o escoamento das águas da chuva, o que vai contribuir para preservar as vias em bom estado por mais tempo. “Queremos manter trafegabilidade o ano todo para facilitar o escoamento da produção da agricultura familiar e o transporte escolar”, complementa o engenheiro.
Sobre o edital
Os envelopes com as propostas para a execução do projeto devem ser entregues até 5 de janeiro de 2016. O valor total do contrato poderá chegar ao montante de R$ 7.292.787,80, correspondente à soma dos oito lotes do projeto. O prazo de execução dos trabalhos será de até de 300 dias consecutivos.
Para mais informações, as empresas interessadas devem acessar o edital (clique aqui) disponível no site da Ruralminas.
O Projeto de Revitalização de Sub-Bacias Hidrográficas do Rio São Francisco está em sua terceira etapa e abrange 178 municípios, totalizando 1.123 proteções de nascentes, 358 quilômetros de proteção de matas de topo e ciliares, 53.784 bacias de captação de água de enxurrada, 3.450 quilômetros de terraços e 467 quilômetros de adequação de estradas.
Entenda o projeto
– Construção de cercas para proteção de matas ciliares e de topo de morro: tem objetivo de proteger áreas de preservação permanente (APPs). A área cercada deve ficar 100% vedada de modo a não permitir a entrada de animais domésticos, em especial bovinos, caprinos e ovinos. Vão ser instalados 136 mil metros de cerca e protegidas 378 nascentes.
– Construção de bacias de captação de água de enxurradas: consiste na perenização do fluxo de água em sua sub-bacia por meio da sua conservação em um sistema semifechado. Assim, estoca-se a água em dispositivos permeáveis – bacias de captação e acumulação de água ou barraginhas – que disponibilizam a água tanto para o consumo animal quanto ao sistema de infiltração no solo local. Vão ser construídas 6.419.
– Adequação de estradas com enfoque ambiental: deverá ser realizada, quando necessário, a relocação ou remodelamento do leito de estradas em pontos onde as enxurradas provoquem erosão e arrastamento de sedimentos sobre áreas cultivadas, mananciais de água ou ambientes urbanizados. A construção de valeta de drenagem ao longo das estradas vai levar água aos lençóis freáticos e mananciais. Vão ser readequados 85 km de estrada.
– Construção de terraços: consiste na construção em nível de um conjunto, composto de um canal e de um camalhão, com a finalidade de reter e infiltrar as águas de chuvas provenientes das áreas a montantes, minimizando, assim, a erosão provocada pelo escoamento superficial. Vão ser construídos 499 mil metros de terraços.
Rio São Francisco
O Rio São Francisco conhecido como “Rio de Integração Nacional”, teve em sua bacia ao longo de toda história um modelo de exploração onde o respeito com o uso, preservação e conservação dos 40 recursos naturais foi pouco valorizado, levando a uma degradação bastante preocupante em toda sua área. A consequência foi o assoreamento dos corpos d’água e do leito principal, com a evidente redução da quantidade e da qualidade da água.
O projeto em questão prevê ações no sentido de mudar o rumo dessa situação onde a ação antrópica venha restabelecer um equilíbrio do uso das áreas da bacia na produção, adotando medidas ambientais que propiciem desenvolvimento sustentável. (Agência Minas)