Governador Valadares decreta estado de calamidade pública e entra com ação contra a Samarco

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A prefeita de Governador Valadares, Elisa Costa (PT), decretou estado de calamidade pública no município do Leste de Minas. A cidade foi atingida pelos rejeitos das barragens de Fundão e Santarém, no município de Mariana, que romperam na quinta-feira (5). A lama proveniente das barragens atingiu o Rio Doce, comprometendo o abastecimento de água no maior cidade da Bacia Hidrográfica do Rio Doce.

Leia a nota oficial da Prefeitura Municipal. “A Prefeita Elisa Costa, decretou hoje (10) Estado de Calamidade Pública em função do desabastecimento de água no município. Foi elaborado um Plano de Emergência enviado aos Governos estadual e federal e à empresa Samarco, responsável pela tragédia ambiental de Mariana. Foi oficiado ao Ministério Público que já entrou com uma ação judicial contra a Samarco para que a empresa repare danos e prejuízos ao município e à população. Hoje, às 11h, foi realizada uma reunião na Prefeitura com representantes de todas as secretarias municipais. Compareceram ainda o Deputado Federal Leonardo Monteiro, o presidente da Câmara Municipal, vereador Adauto Carteiro e representantes da Defesa Civil. Foram discutidas ações do Plano de Emergência para enfrentamento da situação de falta de água no município. Está sendo feito contato ainda com o Ministério da Integração Nacional e com o Exército Brasileiro.

O Plano contém ações emergenciais imediatas que tentam minimizar os impactos que a possível falta de água acarretará, como, por exemplo, a exigência de que a Samarco consiga caminhões pipa para suprir a necessidade da população. A Copasa se colocou à disposição e já identificou municípios que poderão ceder água. 21 caminhões já buscam água em municípios vizinhos como Frei Inocêncio, Marilac e Vale do Aço. A princípio, irão abastecer instituições de saúde, ensino e abrigos. O município estuda, também, a possibilidade de utilizar água de poços artesianos. O Plano contém ainda necessidades específicas dos setores de Saúde e Educação do município na situação de emergência e ações da pós emergência, como a construção pela Samarco de um novo sistema de captação, tratamento e reservatório para a cidade, que não dependa do Rio Doce.

Após o desastre ambiental no distrito de Mariana-MG, com o rompimento das barragens de Fundão e Santarém da mineradora Samarco, os rejeitos e a lama começaram a chegar pela calha do Rio Doce em Governador Valadares na tarde de ontem (9). Por volta da 1h da madrugada de hoje, a grande quantidade de lama chegou à parte do rio que corta o centro da cidade, onde está a Estação de Tratamento Central do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), que já havia interrompido a captação e tratamento da água, devido ao alto nível de turbidez. A turbidez tolerável para o tratamento da água tem o índice de 1000 uT. Ás 14h desta terça (10) a análise da água já mostrava o nível de 80 mil uT. Já para o ferro, a concentração tolerável para tratamento é de 0,03mg. No mesmo horário a amostra retirada do Rio Doce constatava 410mg.

A pluma (como é chamada a massa formada pela lama densa, pastosa e oleosa) move-se lentamente pelo Rio Doce. Pra se ter uma ideia, a água que passa pela UHE de Baguari leva, aproximadamente, 4 horas pra chegar a Governador Valadares em condições normais. Os rejeitos da mineradora Samarco chegaram a Valadares 16 horas depois de passar pela UHE de Baguari. Em contato permanente com órgãos federais e estaduais, que estão monitorando a situação, como a CPRM e a Agência Nacional de Água (ANA), o SAAE alerta que não há como prever quando poderá restabelecer o abastecimento, já que nenhum tratamento é eficaz enquanto a lama não se diluir e não há previsão de quanto ainda existe de lama para passar.”

Rio Doce tomado pela lama das barragens da Samarco; ao fundo o principal cartão postal do município, o Pico da Ibituruna – Foto: Antônio Cota / Página Diário do Rio Doce no Facebook

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