Segundo a Organização das Nações Unidas, a ONU, 30% de todo alimento produzido no mundo é perdido. A estimativa é que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos sejam descartados no lixo anualmente. Enquanto isto, mais de um bilhão de pessoas no mundo passam fome diariamente. O Brasil é um dos países que apresenta os maiores índices de desperdício de alimentos. Um dos mais visíveis para a população ocorre na gôndola do supermercado. Frutas e verduras são dispostas de qualquer forma, jogadas e empilhadas, atitude que causa grandes perdas considerando que o consumidor ao escolher não dará preferência em adquirir produtos amassados, pois os impactos nos frutos e danos promovem o aceleramento do processo de maturação e o produto estraga mais rapidamente. O simples treinamento do funcionário na melhoria da disposição das frutas e verduras nas gondolas reduziria significativamente as perdas dos produtos e, principalmente, reduzir o preço para o consumidor final, considerando que os custos das perdas estão embutidos nos preços que pagamos.
Outro grande problema está na data de validade dos produtos. Alguns deles apresentam datas de validade de curto prazo como os produtos lácteos. Infelizmente, muitos mercados fazem promoção de preços dos seus produtos apenas quando a data está próxima de seu vencimento, quando o produto está com a sua vida útil próximo do fim. Por conta disto, muitos consumidores rejeitam o produto, mesmo com um preço mais baixo. Desta forma, o mercado é obrigado a descartar no lixo os produtos, pois como a sua garantia de consumo foi perdida, a doação é proibida.
Outras perdas acontecem no processo de produção e comercialização. Na produção, na colheita, no armazenamento, transporte, ou seja, em toda a cadeia produtiva. Segundo pesquisas recentes, as perdas de frutas e hortaliças do campo até a gôndola do supermercado podem chegar a 50%! Enquanto isto milhões de pessoas no Brasil passam fome sem ter o mínimo para a sua alimentação.
Paralelamente a logística de produção e comercialização dos alimentos deveria ser criado um sistema de reaproveitamento, considerando que muitos destes alimentos são descartados não por comprometimento de sua qualidade, mas devido a sua aparência. Um fruto ou uma hortaliça atacada por uma lagarta perde o seu valor comercial, mas ainda possui qualidade e pode ser consumido. Os grandes supermercados assim como os Centros de Comercialização, os Ceasas, deveriam se responsabilizar por viabilizar estes produtos para as comunidades carentes, instituições filantrópicas, dentre outras que carecem deste recurso.
Todos nós, empresários, políticos e cidadãos, devemos contribuir para amenizar a situação difícil que vários brasileiros passam no seu dia a dia, principalmente neste momento de crise, corte nos investimentos sociais e desemprego generalizado. A realidade de parte dos brasileiros é difícil e o pouco que fazemos faz uma grande diferença para estes cidadãos excluídos.
Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?
– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;
– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br