“Era comum ela orientar as clientes para que jogassem os fetos no esgoto, no lixo, que amarrassem pedras neles e os jogassem em rios”. A descrição do delegado Bruno Rezende refere-se a Zilmar Maria dos Santos, presa na sexta-feira (02/10/2015) em Montes Claros (MG), suspeita de cometer 15 abortos em seis meses. Ela foi detida durante a operação “Gênesis”, realizada pela Polícia Civil. Dois mandados de busca e apreensão também foram cumpridos na casa dela e de outra mulher, investigada como comparsa dela. Nada foi encontrado.
De acordo com a PC, Zilmar Maria tem envolvimento com abortos desde 2006. Em 2008 ela chegou a ficar presa por 15 dias, mas foi liberada. Em outubro de 2013, ela foi detida enquanto fazia um procedimento de aborto e solta após pagar fiança. Na ocasião, os policiais civis apreenderam diversos comprimidos, luvas, tesouras, seringas, preservativos e uma embalagem de uma sonda. Já na atual investigação, em abril, os mesmos materiais foram encontrados durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, e foram encaminhados para a perícia em Belo Horizonte (MG).
“Temos um procedimento na Delegacia de Homicídios que já tramita há seis meses e, diante da reiteração da prática de aborto, a prisão preventiva foi decretada e ela vai responder pelos processos presa, não há o risco dela pagar a fiança imediatamente”, afirma o delegado, que diz não ter como precisar quantos crimes a investigada cometeu desde 2006.
Bruno Rezende explica que os processos feitos por Zilmar eram feitos de forma organizada. “Ela fazia os procedimentos na residência dela, as clientes eram captadas por meio dela e de comparsas, que estão sendo investigados. Eram cobrados valores de R$ 500 a R$ 2 mil, e ela tinha toda uma logística de contratar um mototaxista ou outras pessoas para levar as clientes embora”, explica.
Segundo as investigações, Zilmar Maria dava, em casa, os medicamentos para as clientes e introduzia uma sonda nelas, o descarte dos fetos era feito pelas próprias mulheres.
“A gente percebe que havia uma frieza em relação à vida destes fetos, e as clientes, desesperadas, ficavam a mercê desta situação. Qualquer orientação era seguida e escondida das famílias. As investigações prosseguem no sentido de ouvir estas pessoas e materializar estes crimes”, fala.
As investigações continuam e a Polícia Civil deve ouvir pessoas que fizeram o transporte ou a captação dos clientes, ou que fizeram o fornecimento de medicamentos e materiais para Zilmar. A pena prevista para o crime de aborto varia de um a quatro anos de prisão.
O que diz Zilmar Maria?
Sandoval Vicente Neto, advogado de defesa, diz que a cliente afirma que não cometeu os crimes. “Houve alguns equívocos, e o que ela puder fazer para esclarecer, ela fará”, diz.
O defensor da suspeita também afirma que vai dar entrada no pedido de liberdade provisória, por não acreditar que haja elementos para que ela permaneça presa preventivamente.
Mulher foi presa no Bairro de Lourdes e levada para Delegacia (Foto: Michelly Oda / G1)
(Fonte: G1 Grande Minas)