Pedagoga passou em primeiro lugar em concurso público, mas foi considerada inapta por escola.
Uma pedagoga de Guanhães, na região do Rio Doce, busca na Justiça o direito de realizar o sonho de se tornar professora da rede estadual no município. Hévila Christie Pereira Santos, 30, é deficiente visual e passou em primeiro lugar em um concurso público do Estado, há dois anos. Mesmo com a boa colocação, ela teria sido considerada inapta para exercer a função pela direção da Escola Estadual Padre Café. No dia 28 de maio, ela obteve um mandado de segurança e espera começar a trabalhar a partir desta sexta.
“Eles querem que eu desista. Ficam me coagindo, falando que o Estado não pode se responsabilizar por mim”, afirma Hévila. “Disseram que eu até poderia passar o conteúdo, mas não tinha condição de cuidar de criança. Minha irmã estava comigo e viu como aquilo era humilhante”, completa.
Na última segunda-feira, Hévila se reuniu com a diretoria da Superintendência Regional de Ensino em Guanhães. “Eles me apresentaram uma ata para que eu assinasse, abrindo mão dos meus direitos. Eu me recusei a assinar. Eles ficam tentando me desacreditar, colocando empecilhos para que eu desista da vaga. Falam que se eu cair ou acontecer alguma coisa comigo na escola vai ser acidente de trabalho e isso vai gerar problema”.
A pedagoga ainda afirma que poderia receber o apoio de um auxiliar para atuar em sala de aula. “Meu marido até se ofereceu para ficar comigo na escola, mas eles não aceitaram. Existem também programas de estágios lá. Um dos estagiários poderiam dar auxílio”, ponderou a pedagoga, que perdeu a visão aos 4 anos de idade, devido a complicações de um artrite reumatóide juvenil.
Resposta: Procurada, a Secretaria de Estado de Educação informou que “está trabalhando para encontrar uma solução para o caso de forma que a professora tenha o suporte necessário para que possa atuar plenamente em sala de aula”.
Pedagoga passou em primeiro lugar em concurso público – Foto: Arquivo Pessoal
(Fonte: Jornal O Tempo)