Alessandro Neves Augusto, conhecido como ‘Pitote’ é apontado como o autor dos disparos que mataram o jornalista Rodrigo Neto e o fotógrafo Walgney Carvalho.
Está sendo julgado em Ipatinga, no Vale do Aço, um dos acusados de participar das mortes do jornalista Rodrigo Neto e do fotógrafo Walgney Carvalho. Alessandro Neves Augusto, conhecido como “Pitote”, é apontado como o autor dos disparos que mataram o jornalista e o fotógrafo, em março e abril de 2013. A sessão é conduzida pelo juiz Antônio Augusto Calaes de Oliveira.
Em seu depoimento, que começou às 10h39, após a oitiva do delegado Emerson Morais, o réu afirmou que não cometeu o crime. “As verdadeiras declarações são que eu não sou envolvido neste crime e foram os próprios policiais da investigações que plantaram provas contra mim. Eles queriam me incriminar de qualquer jeito e chegaram e me ameaçar por diversas vezes”, disse. Ele afirmou que conhecia o Lúcio antes mesmo de ele ser policial e que os dois são amigos.
“Eu não entendo ao certo porquê estou sendo acusado por esse crime. Os policiais, na época do indiciamento, me disseram que eu seria indiciado porque eu era pobre e não tinha advogado. Eles me disseram que estavam há muito tempo na cidade e que tinham que prender alguém”, contou o réu, que trabalhava fazendo bicos como eletricista antes de ser preso.
Ele diz que estava em casa no momento em que ocorreu o assassinato de Rodrigo Neto e que no dia da morte de Walgney Carvalho, estava doente. “As armas encontrados na minha casa foram plantadas lá”, disse.
O depoimento foi encerrado pouco antes das 11h30, quando a sessão foi suspensa para o almoço.
Testemunhas
O júri teve início às 9h10. O conselho de sentença é formado por quatro homens e três mulheres. O primeiro a ser ouvido no tribunal foi o delegado Emerson Morais, que investigou o caso.
Ele contou sobre a sua experiência como delegado e disse que para este caso houve várias linhas de investigação, mas a que levou ao indiciamento dos réus foi a que conseguiu reunir provas.
Uma das linhas de autoria foi a de um freelancer conhecido como Carvalho, que teria participado do homicídio. Essa foi a primeira linha a ser seguida porque ele tinha ficado insatisfeito com Rodrigo Neto por causa de uma matéria. “No entanto, durante as investigações, entendemos que era humanamente impossível ele ter participado, pois na hora do crime ele estava tomando conta da filha de uma perita”, disse o delegado.
Uma possível relação amorosa do jornalista com a mulher de um amigo também foi investigada, assim como a participação de um advogado, que seria desafeto de Rodrigo, mas as hipóteses foram descartadas. “A gente checa todas as informações. Não descartamos nenhuma antes de checar”, explicou o delegado.
Segundo o delegado, a figura de Sérgio Vieira da Costa, vulgo Serginho, não foi citada nenhuma vez pelos réus em depoimento, em relação ao caso do Rodrigo Neto. Ele também não citado por nenhuma outra pessoa. “Não tenho dúvida alguma que a morte do (Walgney) Carvalho foi queima de arquivo e que o Alessandro foi o executor dessa morte. Isso porque o Carvalho dizia que sabia quem tinha matado o Rodrigo Neto”, afirmou.
Morais explicou que a polícia chegou aos réus por denúncia anônima, que informou um endereço onde foram encontradas muitas armas e munições, inclusive de uso restrito. “No dia do crime, o Pitote afirmou que estava em casa, entretanto, o extrato do celular dele tem seis ligações captadas no local do crime, sendo três dela para o ex-policial Lúcio”, disse.
Depois de ser ouvido, o delegado respondeu às perguntas dos jurados. As demais testemunhas foram dispensadas.
Argumentos
Antes do início da sessão, o promotor e o advogado do réu falaram com a imprensa. “O Ministério Público espera expor as provas, expor o fato com tranquilidade. O fato é muito claro, as provas são convergentes da responsabilidade do Alessandro e a expectativa é que a sociedade corresponda, que a sociedade faça justiça”, disse o promotor do caso, Francisco Ângelo Silva Assis, antes do início do júri.
De acordo com o advogado do réu, Rodrigo Márcio da Silva Carmo, a princípio, serão apresentadas cinco testemunhas. “A principal tese vai ser a negativa da autoria. Dependendo do andamento do processo nós vamos apresentar mais duas teses”, explicou.
Condenação
Em agosto de 2014, o policial civil Lúcio Lírio Leal, também denunciado pela morte do jornalista, foi condenado a 12 anos de prisão em regime fechado. Na ocasião, o juiz Antônio Augusto Calaes de Oliveira declarou também a perda do cargo de investigador de polícia, exercido pelo réu antes de sua prisão, e negou-lhe o direito de recorrer em liberdade.
(Fonte: Jornal O Tempo)