Em 2012 o Brasil se tornou o maior importador de agrotóxicos do planeta, superando os Estados Unidos. Também utilizamos, de acordo com a legislação brasileira, diversos agrotóxicos que são proibidos em vários países. Mas podemos avaliar estas informações por vários ângulos. Somos os maiores produtores e exportadores mundiais de carne, suco de laranja, café e vice-líder de outros como frutas e soja. Se produzimos muito no setor agropecuário e na silvicultura, também consumimos muitos insumos como fertilizantes, agrotóxicos e outros. Outro ponto importante é que o agronegócio é conduzido em grandes áreas continuas. Neste caso, devido à existência de apenas uma cultura no campo o risco de surgimento de pragas e doenças é grande. O nosso país é enorme, de dimensões continentais e apresenta clima predominantemente quente, chuvoso e úmido, ambiente ideal, também, para o surgimento de pragas, doenças e as chamadas plantas invasoras, o famoso mato.
Desta forma podemos afirmar que é praticamente impossível produzir em extensas áreas com alta produtividade sem o uso de agrotóxicos. Mas a quase totalidade produzida por estas empresas agropecuárias é voltado para a exportação e, os países na qual exportamos são muito exigentes em relação à qualidade do alimento produzido. Para atender a quantidade e a qualidade produzida, estas empresas contratam profissionais especializados, os Engenheiros Agrônomos que controlam todo o processo de uso de agrotóxicos, garantindo a qualidade do produto final produzido.
O grande problema está no uso inadequado destes produtos, por pessoas não qualificadas e sem a atribuição legal para isto. Muitos dos pequenos produtores rurais utilizam agrotóxicos de forma inadequada e sem a devida assistência técnica. Mas, o pior de tudo é saber que estes alimentos produzidos, principalmente os produtos hortícolas, abastecem as nossas mesas diariamente. O problema começa no campo onde o simples fato de não utilizar os equipamentos de proteção individual, os EPIs, na aplicação dos agrotóxicos leva milhares aos hospitais e ao cemitério. Em 2013 foram 4537 registros de intoxicação pelo uso de agrotóxicos com 206 mortes. A última analise feita pela ANVISA com mais de 1600 produtos coletados nos mercados constatou que 29% estavam com resíduos de agrotóxicos que excediam os níveis permitidos ou agrotóxicos que não são recomendados para a cultura, ou seja, por conta da falta de conhecimento sobre os agrotóxicos e da assistência técnica no campo, estamos levando para casa e consumindo a nossa cota de agrotóxicos.
Infelizmente, o pequeno produtor rural que produz quase tudo que consumimos no Brasil está sozinho, descapitalizado e sem recursos para contratar um Engenheiro Agrônomo ou acesso a assistência técnica gratuita por conta da falta de investimos no setor de extensão rural. Com certeza, com a assistência técnica adequada o uso de agrotóxicos seria reduzido significativamente e até mesmo abolido nas pequenas propriedades rurais, dependendo da situação, chegando as nossas casas alimentos mais saudáveis. Mais informações no blog: agriculturaecologiaesaude.blogspot.com.br
Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?
– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;
– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br