Representantes de comunidades quilombolas se reuniram com a secretária de Educação, Macaé Evaristo
Nesta quinta-feira (12/2), representantes de comunidades quilombolas do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha estiveram na Cidade Administrativa para uma reunião com a secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo, e gestores do órgão central. O encontro marcou uma abertura ao diálogo para o debate de políticas educacionais que considerem as especificidades dos diferentes grupos sociais que fazem parte da educação.
“Minas Gerais está entre os cinco estados brasileiros que têm o maior número de população quilombola. Entretanto, esses educadores nos trazem alguns desafios, como a implementação das diretrizes da educação escolar quilombola e a necessidade de se ter uma forma mais participativa na gestão da educação nessas comunidades. Uma gestão que considere as especificidades de cada uma delas”, destacou Macaé Evaristo.
Também estiveram na pauta de discussões apresentadas pelas comunidades temas como: a promoção de formação de lideranças quilombolas que garantam a Educação Básica, incluindo a Educação de Jovens e Adultos, e a inserção da educação escolar quilombola no mapa de desenvolvimento territorial. “É necessário que tenhamos um olhar também para o Censo Escolar que é coordenado pelo Governo Federal, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). É muito importante que o Estado se envolva e acompanhe o Censo Escolar para que as especificidades dessas escolas possam se fazer presentes”, avalia a secretária.
Grupo de trabalho
Entre os resultados da reunião está a formação de um grupo de trabalho com representantes das comunidades quilombolas, da Secretaria de Estado de Educação e especialistas da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A última possui um curso de aperfeiçoamento sobre a Educação Básica nas comunidades quilombolas.
Para a presidente da Federação das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais, Sandra Maria da Silva Andrade, a agenda teve saldo positivo e trouxe expectativas quanto à realização de um trabalho educacional que respeite às comunidades. “A criação desse grupo para nós é essencial, porque esta comissão vai retratar a realidade das várias regiões que nós temos dentro das Minas Gerais. As comunidades estão espalhadas e o nosso estado é muito grande e tem as especificidades de cada região”, conta. Segundo a presidente, as comunidades quilombolas estão presentes em 183 municípios do Estado.
Formação para educadores
Professores da Universidade Federal de Minas Gerais também marcaram presença no encontro. Durante a agenda, a professora Shirley Aparecida de Miranda destacou o curso de aperfeiçoamento oferecido pela Universidade. O Curso de Formação de Professores da Educação Básica nas Comunidades Remanescentes de Quilombo tem carga horária de 210 horas e é ofertado de forma presencial em dois polos: Januária, no Norte de Minas, e em Berilo, no Vale do Jequitinhonha.
“Esperamos que agora a gente consiga alcançar uma visibilidade para essas comunidades, para que as diretrizes nacionais para a educação escolar quilombola possa ser implementadas em Minas Gerais. A formação é uma estratégia para essa implementação, mas o diálogo com a secretaria estadual nos revela que outros avanços podem ser conquistados, como o reconhecimento das escolas”, disse a coordenadora do curso, Shirley Aparecida.
No ano de 2012, o Ministério da Educação homologou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola (DCNEEQ), elaboradas com participação das comunidades remanescentes de quilombos. (Agência Minas)