Vereadores acusam o ex-secretário da presidência de levar documentos e talões de cheques da Câmara para sua casa.
Tentativa de suborno, desaparecimento de documentos, desrespeito às leis e abuso de poder, marcaram a eleição para renovar a mesa diretora da Câmara Municipal de Virgem da Lapa, no Vale do Jequitinhonha.
A votação deveria ocorrer no dia 16 de dezembro, mas foi adiada para 1º de janeiro e por fim, para o dia 26 de janeiro, após uma queda de braço que se transformou em batalha jurídica, travada entre o ex-presidente da Casa, vereador Antonio Oliveira, o Tonão, do Partido da Solidariedade, e o candidato à sucessão dele, vereador Carlos Lacerda (PMDB) que acabou vencendo a disputa por 5 votos a 3, para um mandato de dois anos. A Câmara possui 9 vereadores. O vereador Márcio Neuler, o Marcinho de Zoé, não compareceu à sessão.
Após o resultado, Carlos Lacerda disse que foi surpreendido pela notícia de que o ex-secretário da presidência da Casa, Cleolson Monteiro Prates, conhecido por Kessinha, 55 anos, havia levado para casa dois talões de cheques da Câmara que estavam assinados, e os contracheques dos funcionários.
Na tentativa de reaver os documentos, Lacerda procurou a Polícia Militar na quarta-feira (28), acompanhado do vice-presidente, vereador José Maria Machado (PT), do secretário, vereador Vanilton Alves Jardim (PT) e da vereadora Adriana Ferreira Gomes (PT). O grupo registrou um boletim de ocorrência contra Cleolson Monteiro Prates. “Vamos pedir ainda um mandado de busca e apreensão”, disse Lacerda.
Os vereadores apresentaram à polícia, cópias de seis cheques, totalizando cerca de R$ 80 mil reais que o ex-secretário tentou descontar em uma agência bancária da cidade.
“O dinheiro é para pagar os funcionários mas o próprio banco já bloqueou o pagamento, porque as assinaturas do presidente e do secretário, já não possuem validade”, disseram os vereadores.
O vereador Lacerda disse ainda, que o ex-secretário Cleolson Prates queria continuar no cargo, cujo salário é de R$ 3.500 reais. “Ele me falou que garantiria a eleição dentro do prazo regimental caso eu renovasse o contrato de trabalho dele. Não aceitei.”, afirmou o vereador.
Policiais Militares foram até à casa do ex-secretário, mas ele não foi encontrado. Ele também não foi localizado pela reportagem e nem retornou as ligações para comentar as denúncias.
Vereadores registraram uma ocorrência contra o ex-secretário da presidência da Câmara Municipal, Cleolson Monteiro Prates – Foto: Sérgio Vasconcelos / Gazeta de Araçuaí
Manobras e tentativa de suborno
O clima de tensão predominou a eleição para a mesa da Câmara. “No dia 1º de janeiro, quando chegamos para votar, achamos o prédio da Câmara fechado. Antes da eleição fui informado que a minha candidatura havia sido cassada pelo próprio presidente da Casa. Entrei com mandado de segurança e obtive uma liminar para continuar na disputa”, lembrou o vereador Lacerda.
Além dele, disputou a presidência, o vereador Cleuver Prates Murta (PDT), apoiado pelo então presidente Antonio Oliveira. No período que antecedeu a eleição, segundo o vereador Carlos Lacerda (PMDB), ocorreu uma série de manobras para evitar a candidatura dele. “Me ofereceram R$ 150 mil para desistir da candidatura. Como não aceitei fizeram outra proposta: um sítio na comunidade do Cardoso, um lote em Araçuaí e mais R$ 20 mil. Mais uma vez eu não aceitei. Fizeram outras propostas que eu acabei não aceitando”, afirmou Lacerda, não revelando quem ou que grupos fizeram as propostas. “São empresários que estavam contra minha candidatura”, disse ele.
O vereador José Maria Machado Cota (PT), o José Maria da Ponte disse que também foi assediado para anular o voto. “ Dois dias antes da eleição, recebi um representante de um empresário local na minha casa. Ele me ofereceu R$ 50 mil. Achei um desrespeito não somente a mim mas a toda a sociedade”, denunciou o vereador.
“Não sei porque jogaram tão pesado para impedir minha candidatura. Acredito que existam coisas que não querem que o grupo contrário veja. Vamos pedir uma auditoria nas contas da Câmara para ver a real situação”., garante Lacerda.
A Câmara recebe cerca de R$ 83 mil reais de repasse para pagamento dos seis funcionários e 9 vereadores , que recebem R$ 4.200 mensais. O ex-presidente não foi localizado para comentar o assunto.
(Fonte: Gazeta de Araçuaí)