Naquela época um monte de gente fazia som de garagem
Nós ouvíamos tudo batendo cabeça
Era um barulho ensurdecedor
É quanto mais rifes de guitarra melhor.
Numa calça rasgada, camisa com capa de disco de metal e um par de rotos tênis
Saímos pelas ruas nos amontoando onde houvesse salame e conhaque para degustar
Juntávamos vaquinha para embriagar e qualquer coisa quando não catada mastigar
A ordem era roquear e não perder o hoje.
Assim foram os anos noventa que achei que seriam para sempre
Troquei a guitar por uma viola q ainda hoje nada sei levar
Casei, separei; de todos aqueles headbangers perdi contato
Enfurnei-me na Igreja até onde minha paciência aturou.
E a vida transcorreu sem aquelas frivolidades juvenis… Que azar.
Nossa! Vinte anos correram sob meus olhos e o medo do escuro trouxe me as embriagadas lembranças
Donzela de ferro, obrigado.
Foi aí que importei aquele sonho de cinco cordas distorcidas
Paguei uma caixa meteoro valvulada e despertei aos anos trinta e nove anos pra tocar todo aquele rock n’roll em mim vivo
É que bem me fazendo.
Tem de tudo um pouco meu repertório
Vontade, liberdade e razão
Iron, Sabbath, AC/DC, Sepultura e Metallica
Um garoto de dezesseis anos
E o policial pós-graduado no mesmo show
Pode até parecer saudosismo, talvez uma certa nostalgia, e não é mesmo um ou outro
Mas uma justiça com aqueles dias que foram tão doces
De todas as coisas ruins desse ínterim, saltaram para os dias de hoje aqueles dias aborrecentes que mal algum deixaram em mim.
Porque ainda roqueiro, nada contra os céus com certeza
E também porque muito explicar
Vai aí, aparece lá em casa com um baixo e uma bateria qualquer dia desses pra desestressar
Minha vizinhança é gente fina e quantos batedores de cabeça oprimidos, tristes, escondidos podemos resgatar.
Por hora sou feliz em responder, porque não rocker.
Quem é Marco Aurélio?
[image src=”https://aconteceunovale.com.br/portal/wp-content/uploads/2014/09/marco_aurelio_colunista.jpg” width=”220″ height=”220″ lightbox=”yes” align=”left” float=”left”]Ipatinguense, criado em Governador Valadares, Polícia Militar no posto de 2º Tenente lotado no 19º BPM e Bacharel em Direito com especialização em Ciências Jurídicas.
Escreve desde os treze anos, mas foi em 2005 que começou a escrever seus livros. Atualmente tem quatro livros de poesias, porém, devido as constantes mudanças por causa da profissão e carreira policial, ainda não os publicou.
Já teve trabalhos publicados em jornais das cidades onde já morou: Governador Valadares, João Monlevade e Paracatu. Também compõe crônicas e peças teatrais. Atualmente trabalha em “O Anúncio”, para o teatro.