Criança morreu antes do parto no Hospital São Vicente de Paula, em Turmalina. Ministério Público acompanha o caso e aguarda envio do prontuário médico.
Foram nove meses de ansiedade e muito trabalho para organizar o enxoval de Alice. O casal Maria de Fátima, de 33 anos, e Romário Sena, de 26, contava os dias, horas e minutos para ter a pequena nos braços, mas infelizmente esse sonho foi interrompido antes mesmo dela vir ao mundo, no Hospital São Vicente de Paula, em Turmalina, no Vale do Jequitinhonha.
Filha do casal Maria de Fátima e Romário Sena morreu antes do parto no Hospital São Vicente de Paula, em Turmalina – Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
O pai da criança, Romário Sena Santana acusa a unidade de saúde de negligência. “Minha esposa, Maria de Fátima Vieira de Souza, estava grávida de 42 semanas e o limite foi completado na segunda-feira, 17 de novembro, quando ela foi internada para fazer o parto induzido ou cesárea, às 19h30. O médico S.L.L.M aplicou um medicamento tentando induzir o parto, mas não obteve sucesso. Por volta das 20 horas ele ouviu os batimentos cardíacos do bebê e estava tudo bem.”, relatou a nossa reportagem.
O casal esperava que o médico fizesse a cesárea. “Nós esperávamos que o médico fizesse a cesárea, mas ele disse não faria somente na terça-feira. Em seguida ele foi embora e deixou um outro médico, que não voltou no quarto. Somente por volta das quatro horas da manhã, quando uma outra mulher chegou no hospital para trabalho de parto, que uma enfermeira resolveu conferir os batimentos do coraçãozinho da Alice, mas ela não conseguiu ouvir mais. A partir do momento que não ouviu mais os batimentos cardíacos, a enfermeira chamou o médico, que se desesperou e chamou o médico S.L.L.M, que chegou o coração do bebê e confirmou que o coração tinha parado de bater.”
De acordo com Romário, um outro médico, W.C.P, foi chamado para fazer a cesárea. Quando este fez o procedimento o bebê já estava sem vida. Romário disse a nossa reportagem que só foi avisado do acontecido às 7 horas da manhã, quando o médico W.C.P lhe informou que a criança faleceu e que não sabia a causa. Romário disse que insistiu e perguntou se o cordão umbilical estava enrolado no pescoço da criança. Nesse momento o médico teria apenas retirado o pano que cobria a criança, virou as costas e foi embora, conta o pai da criança.
“Fiquei muito indignado com o ocorrido, pois nas últimas 42 semanas eu trabalhei até 14 horas por dia para comprar as coisas para minha filhinha, a cada dia sonhava com ela no colo, montava o seu quartinho. Queria dar a ela um futuro muito bom, tudo aquilo que não tive, e de repente em questão de horas, por causa em minha opinião de um erro médico, o meu sonho acabou. É muito triste!”, lamenta o pai.
Denúncia protocolada
Com muita tristeza e desesperado com a perda da filha, Romário procurou o Ministério Público e fez uma denúncia de negligência médica. O promotor Leonardo Diniz Faria confirmou que a denúncia foi protocolada, mas o caso ainda está em “diligências preliminares”. “Inicialmente, solicitamos junto ao Hospital, o prontuário de atendimento médico. Depois de termos acesso ao prontuário, vamos averiguar quais frentes de investigações serão seguidas”, explica.
Ainda de acordo com o promotor, após ser notificado, o hospital terá o prazo máximo de 10 dias para responder à solicitação. “Alguns hospitais não repassam o prontuário com base no sigilo profissional, mas acredito que o Ministério Público deveria ter acesso, para desenvolver o trabalho”, diz.
O que diz o hospital?
Somente na tarde desta quarta-feira (26), após o Portal Aconteceu no Vale tornar o caso público e vários canais de TV e outros sites do estado procurarem os pais da criança, a direção do Hospital São Vicente de Paula se pronunciou. De acordo com o provedor do hospital, Anderson Cordeiro dos Santos, uma investigação interna foi aberta para identificar as causas desta fatalidade. “Somente após conversarmos com os envolvidos no atendimento poderemos pronunciar de forma concreta sobre o acontecido. Algumas pessoas já foram ouvidas, mas vamos esperar para não sermos injustos com ninguém.”, disse por telefone a Inter TV Grande Minas.
Vale lembrar, que no dia 19 de novembro, enviamos uma solicitação de nota de esclarecimento em caráter de urgência, com pedido de rastreamento de leitura. Na tarde do dia 20 de novembro, o e-mail foi lido, conforme relatório abaixo, porém nenhuma resposta sobre o caso foi enviada ao Portal Aconteceu no Vale até a manhã de hoje.
Relatório confirmando que o e-mail foi lido – Foto: Reprodução