Comunidade de Tabuau foi atingida por chuva de 54 mm em 40 minutos. Casas foram destelhadas, árvores caíram e moradores ficaram sem energia.
Após oito meses de estiagem, a chuva chegou trazendo alguns problemas para os moradores de Tabuau, comunidade rural de Francisco Sá, Norte de Minas Gerais.
As 50 famílias que moram no local estão sem energia elétrica; algumas casas foram destelhadas e, em outras, paredes chegaram a desabar; árvores caíram e as estradas ficaram interrompidas; a igreja de Bom Jesus e São Sebastião, construída em 1970, teve a laje danificada. A Prefeitura ainda não fez o levantamento dos prejuízos, mas disse que eles são consideráveis; não houve feridos.
Segundo a Prefeitura, nesta quarta-feira (29), em 40 minutos choveu 54 milímetros. O decreto de emergência por conta da seca foi renovado no fim de setembro, agora, a Administração Municipal providencia a documentação para pedir ajuda ao governo por causa dos prejuízos causados pela chuva.
Galpão de máquinas desabou (Foto: Michelly Oda / G1)
José Antônio Desidério mora em uma das casas onde os estragos foram maiores. Ele estava com a esposa, o genro, uma filha e o neto, de apenas sete dias de vida.
“Fiquei com medo demais, só não morri porque o coração está bom. O vento arrancou a janela e parte do telhado, eu fiquei escondido embaixo de uma carroça. O granizo caía que chegava a estralar”, fala o produtor rural.
Apesar de morar há 12 anos em Tabuau, José Antônio diz que nunca tinha passado por uma situação como esta. “Nunca passei medo com chuva, mas igual a esta nunca nem tinha visto.”
A mulher do produtor rural, Aparecida Conceição de Souza, conta como o genro protegeu a esposa e o filho recém-nascido deles.
“Ele pegou um colchão e jogou em cima da minha filha e do bebê, para não cair telhas. Ele queria que ela entrasse embaixo da cama, mas ela está operada [passou por uma cesárea]. O marido não sabia se acudia ela ou a criança. Antes a casa do que a gente”, lembra a dona de casa com o neto Enzo Gabriel nos braços.
Outra casa da comunidade desabou, os donos não estavam no local, eles trabalham em uma fazenda no município. Já a de Lúcia Oliveira e a da filha dela foram invadidas pela água. Roupas e colchões ficaram encharcados, documentos perdidos e eletrodomésticos danificados.
“Não sei o que vou fazer. Não tenho emprego, meu marido é doente. Pensei que ia matar todo mundo. Na hora olhava para fora e não via nada, só ouvia os gritos.”
José e Aparecida no lugar onde havia uma janela (Foto: Michelly Oda / G1)
Muitas árvores precisaram ser cortadas nas estradas e na comunidade. Uma delas foi plantada há 17 anos por Orlando Ferreira. “A árvore balançava para lá e para cá, fiquei com medo de cair em cima da casa ou do meu comércio.” Por causa da falta de energia elétrica, o comerciante perdeu todos os picolés que estavam no freezer.
Uma fazenda a poucos quilômetros da comunidade rural também teve prejuízos. A estrutura de galpão onde várias máquinas agrícolas ficam guardadas caiu.
“A velocidade foi muita. Telhas foram arrancadas, telhados caíram. Foi forte pra mover até as máquinas de lugar, um pilar feito com ferro também foi derrubado. Foi de um jeito que a gente não tem costume de ver”, fala o gerente da fazenda.
Providências adotadas
Denilson Silveira, prefeito de Francisco Sá, disse que a Defesa Civil Municipal está em Tabuau levantando os prejuízos causados pela chuva. Além disso, a equipe de engenharia também vistoriou imóveis e uma assistente social está fazendo visitas às famílias.
“Renovamos o decreto de emergência da seca no dia 23, um mês depois estamos colhendo elementos para fazermos um documento com as consequências dos desastres causados pela chuvas. De hoje para a amanhã iremos entrar com um novo pedido de decreto”.
Ainda segundo o prefeito, caso seja necessário, a escola da comunidade será usada para abrigar moradores.
(Inter TV Grande Minas)