Municípios da bacia do Rio Doce orientam a população a economizar água

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As 230 cidades da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (BHRD) acenderam o alerta máximo para o risco de desabastecimento e orientam a população sobre a necessidade de economizar. No entanto, em vários municípios o aviso chega tarde demais: a água tratada já está sendo racionada. Governador Valadares, Itabira e Manhuaçu estão entre as cidades que buscam alternativas para garantir o abastecimento.

A Bacia tem uma extensão de 83.430 Km2, com 86% de sua área de drenagem em Minas Gerais e 14% no Espírito Santo, e possui um alcance de 230 municípios, sendo 202 mineiros e 28 capixabas. Dados do IBIO AGB-Doce (entidade equiparada à de agência de água da BHRD) apontam que em algumas regiões começam a surgir conflitos pelo uso da água, decorrentes de sua escassez.

Em Itabira, município pertencente à Bacia Hidrográfica do rio Piracicaba (afluente do Doce), por exemplo, os moradores já sentem os efeitos da seca. Desde o dia 15 de setembro, quando o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) avisou que precisaria restringir o abastecimento de água por período indeterminado, o racionamento funciona das 13 às 20 horas. Para minimizar o desabastecimento, o SAAE estuda a transposição de parte da água do rio do Peixe para o manancial Pureza, que abastece 55% dos domicílios.

Segundo o diretor do SAAE, Jacir Primo, a medida não vai resolver o problema, apenas amenizá-lo. “As pessoas devem continuar consumindo água de maneira responsável. Só com as chuvas conseguiremos resolver essa situação”, afirmou. O custo da obra é estimado em R$ 30 mil mensais. Ele avisou que em função da interrupção no abastecimento e da redução do volume de água nas tubulações, a água pode apresentar alterações como turbidez.

Em Manhuaçu, a estiagem também tem refletido diretamente na captação de água. Com a diminuição da vazão do rio, que compõe a Bacia Hidrográfica do Rio Manhuaçu (afluente do Doce), a captação registrou queda de cerca de 3 milhões de litros por dia, o que equivale ao consumo diário de aproximadamente 19 mil pessoas. Segundo o diretor do SAAE, Jorge Aguiar, medidas são estudadas para minimizar os efeitos da seca a curto prazo.

“Prefiro referir-me a rodízio a falar em racionamento. O certo é que fazemos manobras para atender toda a cidade, em dias intercalados”, explicou, antecipando que uma empresa será contratada nos próximos dias para elaborar projetos que promovam mudanças na captação e reserva de água em Manhuaçu.

Nessa terça (30), o rio Doce estava 30 centímetros abaixo do nível normal em Governador Valadares – Foto: Prefeitura de Governador Valadares/Reprodução

Governador Valadares

Em Governador Valadares, cidade com mais de 260 mil habitantes, o baixo nível do rio Doce também é motivo de preocupação. A cidade vem sendo abastecida por meio de rodízio e ajuda de seis caminhões-pipa que levam água até escolas, hospitais e prédios onde as torneiras secaram. A prefeitura emitiu um alerta sobre a importância da economia de água durante a estiagem e colocou carro de som nas ruas para tentar acabar com o desperdício.

Em outra ação, máquinas desassoreiam o rio Doce e pequenas barragens são construídas para tentar aumentar a profundidade e ampliar a captação. Um reservatório para 5 milhões de litros foi construído.

Nessa terça-feira (30), o nível do rio Doce estava 30 centímetros negativos em relação à régua de medição do SAAE, com captação em torno de 1.040 litros por segundo. O normal para o abastecimento da cidade é de 1200 litros por segundo. No dia mais crítico, registrado há duas semanas, a captação chegou a 550 litros.

A elevação para 1.040 litros por segundo é atribuída à instalação de uma nova bomba e ao desassoreamento de trechos do rio.

Por falta de água no rio, as quatro balsas que transportam passageiros enfrentam dificuldades para a transposição diária e algumas param em certos dias da semana.

“Em função da falta de chuva, não há previsão para a normalização da captação e da distribuição de água na cidade”, avisou nessa terça-feira (30) o SAAE, por meio de nota. Além da falta de água, outra preocupação é com a proliferação de bactérias que há dois anos alteraram a cor, cheiro e sabor da água, obrigando a população a comprar água mineral para o consumo.

Em Minas Gerais, 150 municípios decretaram estado de emergência devido à escassez de chuvas, segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). A última cidade incluída na lista, onde a situação se agravou, foi Serra da Saudade, na região central do Estado. A estiagem prolongada afeta diversos cursos d’água e rios como o São Francisco, em Pirapora, o rio Verde Grande, no Norte de Minas, e a lagoa da Codorna, no município de Nova Lima.

(Fonte: Hoje em Dia)

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