Conselho da Usiminas destitui Julián Eguren de seu cargo, além do vice-presidente de Subsidiárias e vice-presidente Industrial
Como resultado do embate existente entre o Grupo Nippon e a Ternium, o presidente da Usiminas, Julián Eguren, foi demitido do cargo, nesta sexta-feira, em decisão tomada pelo conselho de administração da companhia. Conforme anúncio feito por nota, além de Eguren, foram também destituídos o diretor industrial, Marcelo Chara, e o diretor de subsidiárias, Paolo Basseti. Quem assume interinamente a presidência é Rômel Erwin, até então diretor de tecnologia e qualidade, da Usiminas. Erwin também irá acumular, provisoriamente, a diretoria antes comandada por Chara.
Já o vice-presidente financeiro Ronald Seckelmann, nome indicado pelo Grupo Nippon, vai acumular o posto comandado anteriormente por Bassetti, também temporariamente. Os nomes de Erguren, Basseti e Chara eram indicação da Ternium, que passou a integrar o grupo de controle da companhia quando, em 2011, o grupo ítalo-argentino Techint realizou investimento na siderúrgica.
Por decisão do conselho da companhia, Julián Eguren (esq.) deixa a presidência da Usiminas. Rômel Erwin (dir.), ex-diretor de tecnologia e qualidade, assume a cadeira interinamente – Foto: Divulgação
Disputa acirrada
A votação do conselho para a demissão dos executivos resultou em empate de cinco a cinco. A decisão ficou a cargo de Paulo Penido, presidente do conselho da Usiminas, que definiu o resultado com voto favorável à destituição dos nomes. Penido está entre os nomes indicados para a Usiminas pelo grupo Nippon. Com o resultado, o Grupo Nippon agora acumula a presidência do conselho e a gestão da Usiminas. O grupo japonês detém 29,45 por cento das ações do grupo, enquanto a Ternium tem outros 27,66 por cento dos papéis.
Julián Eguren assumiu a presidência da Usiminas em 2012. Diante a uma crise de sobre oferta no mercado mundial de aço, Julián deu início a uma série de medidas de ganho de produtividade e eficiência, com o objetivo de recuperar e aprimorar o desempenho da companhia.
Ações despencaram na Bolsa
A notícia da destituição de Eguren fez com que as ações da maior produtora de aços planos do País despencassem nesta sexta-feira. Ao final da manhã, as ações da Usiminas exibiam queda de 3,2 por cento, a 7,31 reais, enquanto o Ibovespa tinha alta de 1,2 por cento. De acordo com analistas do Bradesco BBI, a briga dos acionistas é negativa para a Usiminas, “especialmente em um momento em que a empresa enfrenta deterioração de resultados do segundo semestre”.
Ternium contesta decisão
Perante o resultado da votação do conselho, a Ternium se manifestou de imediato, via nota enviada a imprensa, dizendo que “discorda veementemente da destituição dos três membros da diretoria executiva da Usiminas, vem como da indicação de seus substitutos, ainda provisórios”. Agora, a Ternium acusa o Grupo Nippon de quebra de acordo de acionistas e afirma que levará o caso para a Justiça. “A Ternium não poupará esforços para fazer valer seus direitos e assegurar a continuidade do processo de reestruturação da Usiminas iniciado durante a gestão de Julián Eguren em janeiro de 2012”, concluiu a Ternium em nota. O Grupo Nippon ainda não se manifestou sobre o caso.
Comunicado da Usiminas ao Mercado
Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. – USIMINAS (“Usiminas” ou “Companhia”), em cumprimento aos termos do § 4º do art. 157 da Lei nº 6.404/76 e da Instrução CVM nº 358/02, vem informar que, em reunião realizada nesta data, o Conselho de Administração, por 5 (cinco) votos a 5 (cinco) e o voto de desempate do Presidente do Conselho, na forma do artigo 11 do Estatuto Social, aprovou: (i) a destituição do Diretor Presidente da Companhia, Sr. Julián Eguren, do Diretor Vice Presidente de Subsidiárias, Sr. Paolo Bassetti, e do Diretor Vice Presidente Industrial, Sr. Marcelo Chara; e (ii) a eleição, em caráter temporário, do Sr. Rômel Erwin de Souza para os cargos de Diretor Presidente e de Diretor Vice Presidente Industrial da Companhia e do Sr. Ronald Seckelmann para o cargo de Diretor Vice Presidente de Subsidiárias, que, portanto, passam a acumular tais cargos com os atuais já desempenhados, até que o Conselho de Administração eleja novos diretores em caráter definitivo.
(Jornal Vale do Aço)
