A ALIMENTAÇÃO DO BRASILEIRO – Alexandre Sylvio Vieira da Costa

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Quando vamos ao supermercado comprar arroz, escolhemos pelo preço e pela aparência. Preferimos o arroz branquinho, brilhante e sem imperfeições, de melhor cozimento, soltinho, etc. A parte mais rica em proteínas do arroz chama-se aleurona e se localiza na parte externa do grão. Esta camada deixa o grão opaco, sem brilho, com aspecto de sujo, pouco atrativo para quem compra. Basta uma visita ao setor de produtos naturais do supermercado e verificar o aspecto do arroz integral.

Devido a este aspecto pouco atrativo o arroz passa por um equipamento chamado polidor que tira a camada de aleurona e deixa o arroz branquinho. Mas, para onde vai esta proteína? Para alimentar peixes, porcos e outros animais enquanto ficamos com o arroz branco, brilhante e… cheio de amido. O arroz tem predominantemente amido que é um elemento pouco nutritivo. O grão de soja, por exemplo, é rico em óleo e proteínas. O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo, então, também somos grandes produtores de óleo e proteínas. Mas, no nosso dia a dia consumimos apenas o óleo. O farelo de soja, rico em proteínas é muito utilizado pelos vegetarianos e destinado principalmente para a alimentação animal na forma de ração.

Porque será que ficamos apenas com as partes menos nobres dos grãos? Utilizamos o óleo, o amido, mas as proteínas são destinadas aos animais. É claro que estas proteínas quando consumidas pelos animais são convertidas em carne, também rica em proteínas, mas será que a maioria da população brasileira tem condições de consumir carne diariamente? Acredito que não.

Diversos produtos poderiam ser produzidos com estes ingredientes ricos da soja como bolo, pão, sopa, e outros. A carne de soja preparada com a sobra da extração do óleo, quando bem temperada fica com sabor semelhante a da carne. Há algumas décadas atrás, o governo tentou misturar a soja com o feijão para ser consumido pela população, enriquecendo o seu cardápio com proteínas, mas infelizmente esqueceram que o tempo de cozimento destes grãos é muito diferente. Quando o feijão ficava cozido a soja ainda estava dura para consumo e quando a soja ficava macia o feijão desmanchava.

Estas “sobras”, nutricionalmente ricas em proteínas, poderiam ajudar significativamente a reduzir a desnutrição no país principalmente nas merendas das crianças das escolas públicas. Tivemos uma grande evolução nos últimos anos em relação a redução da subnutrição e da mortalidade infantil e materna, não apenas com a melhoria da assistência médica, mas também na qualidade alimentar. Apesar disto ainda estamos longe dos resultados obtidos pelos países desenvolvidos. No interior de Brasil os índices de pobreza extrema ainda são altos. Em algumas cidades do interior mineiro, mais de 30% das pessoas tem que sobreviver com menos de 75 reais por mês, ou 2,50 reais por dia, morando em casas rústicas sem água potável, esgoto ou energia elétrica. Para estas pessoas dar o peixe resolve o problema apenas momentaneamente. Devemos também, ensina-los a pescar.

Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?



– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;

– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br

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