Obras em rodovias do Vale do Jequitinhonha são eternas promessas de petistas e tucanos

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As obras de infraestrutura sempre tiveram lugar garantido em palanques, tanto no interior quanto nos grandes centros

Em janeiro de 2010, a então ministra da Casa Civil e candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) anunciou a pavimentação da BR-367, rodovia que atravessa o Vale de Jequitinhonha em mais de 100 quilômetros de terra batida. No mesmo semestre, em junho, o candidato ao governo de Minas pelo PSDB, Antonio Anastasia, lançou o programa Caminhos de Minas, prometendo melhorar as condições de estradas não pavimentadas no estado. Entre os trechos previstos para serem asfaltados estão os mais de 80 quilômetros entre Araçuaí e Novo Cruzeiro, a LMG-678, na mesma região. As duas obras foram anunciadas há quatro anos em palanques de petistas e tucanos para conseguir o apoio dos eleitores da região mais pobre do estado. Mas não passaram de promessas. As obras de infraestrutura sempre tiveram lugar garantido em palanques, tanto no interior quanto nos grandes centros. Em Belo Horizonte, as promessas preferidas para agradar aos eleitores são as melhorias no Anel Rodoviário, a ampliação do metrô e a limpeza da Lagoa da Pampulha, que começou a andar, embora com décadas de atraso.

No Vale do Jequitinhonha, região mineira com o menor número de vias pavimentadas, as melhorias na infraestrutura são cobradas por comerciantes, moradores e prefeitos. A ampliação de programas sociais federais e estaduais permitiram aumento na renda dos moradores nos últimos anos, porém, o avanço nas estradas que atravessam a região não ocorrem no mesmo ritmo. Os mais de 100 quilômetros de terra batida da BR-367 estão localizados entre Salto da Divisa e Almenara, num trecho de 61,6 quilômetros, e mais 59,7 quilômetros entre Minas Novas e Virgem da Lapa. Planejada na década de 1950 pelo então presidente Juscelino Kubitschek para servir de acesso ao Vale, com o passar do tempo a estrada se transformou em obstáculo para o desenvolvimento na região.

Ponte entre Jacinto a Salto da Divisa, na BR-367 (Foto: Marina Pereira/G1)

Em 2010, a pavimentação foi prometida pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela então ministra Dilma Rousseff. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) chegou a assinar um termo de compromisso para realizar a obra, mas o asfalto ainda não chegou à via. No ano passado, representantes do órgão voltaram a garantir que a pavimentação seria feita este ano, mas até agora nem mesmo os projetos foram entregues. A reportagem do procurou o Dnit e a superintendência do órgão no estado para saber os novos prazos para a obra na BR-367, mas nada foi informado.

No papel

Uma outra estrada que atravessa a região está em situação crítica. A LMG-678, de responsabilidade do governo de Minas, está na lista de rodovia com restrição de tráfego e mais de 80 quilômetros de extensão estão em péssimas condições entre Araçuaí e Novo Cruzeiro. A pavimentação do trecho foi incluída no programa Caminhos de Minas, lançado em 2010, mas até agora nem mesmo o projeto para o asfaltamento foi elaborado. Segundo nota da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) aguarda liberação de recursos orçamentários para licitar a obra, mas até agora não recebeu nenhum tipo de autorização nem há previsão para que a obra saia do papel.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Araçuaí, José Gilvane Almeida, critica o que considera falta vontade política para a execução das obras no Vale de Jequitinhonha. “Infelizmente, o asfalto para a 367 e para a 678 continua na promessa. São obras que teriam um impacto considerável para a economia local. O trajeto para Teófilo Otoni, por exemplo, seria reduzido à metade. Sem que os motoristas sejam obrigados a seguir até a BR-116, uma rodovia que já tem tráfego pesado”, explica José Gilvane.

Além das obras nas rodovias, o empresário lembra promessas feitas para o Jequitinhonha em períodos eleitorais que não foram pra frente. “Ouvimos diversas vezes a promessa de uma barragem em Santa Rita, no Rio Araçuaí, outra próxima ao município de Coronel Murta, no Rio Jequitinhonha. Vários deputados garantiram trabalhar na defesa dessas obras. Houve reuniões com as famílias afetadas, mas as promessas caíram no esquecimento. Acabou a campanha, acabou também a vontade política”, cobrou José Gilvane.

Jogo de empurra

Os moradores da capital mineira também estão acostumados a ouvir algumas promessas repetidas em época de campanha eleitoral. A construção de novas linhas para o metrô e as obras de adequação no Anel Rodoviário são as principais ações prometidas por candidatos interessados nos votos dos belo-horizontinos. Em julho de 2006, no início da campanha, a Prefeitura de BH anunciou uma reforma no Anel, em parceria com o governo federal. O recurso foi liberado e foram feitas melhorias na pista, porém os principais gargalos do trecho viário mais movimentado da capital não entraram nos planos.

As obras no Anel viraram motivos de embates políticos entre o governo federal e o estadual. Em janeiro, a presidente Dilma Rousseff cobrou do governo de Minas maior agilidade para as licitações das obras na via e garantiu que os recursos já estariam reservados no Orçamento da União. O estado rebateu, afirmando que o trecho continua sob a responsabilidade do governo federal e que o Dnit não liberou o DER-MG para fazer a licitação. A reforma nos 28 quilômetros do Anel – orçada em R$ 2 bilhões – segue indefinida. O projeto executivo já está pronto, mas os gestores federais e estaduais não se entendem sobre a modalidade de licitação para as obras.

A situação de impasse é parecida para as obras de ampliação do metrô. O governo federal afirma que os recursos já estão reservados e que falta apenas a apresentação dos projetos por parte do governo de Minas. Em junho, a Caixa Econômica Federal e o Ministério das Cidades cobraram maiores detalhes no projeto enviado pelo Palácio Tiradentes para a linha 3, que ligará a Savassi à Lagoinha. Já o Executivo estadual cobra do Palácio do Planalto uma definição para a licitação da linha e afirma que os projetos da linha 2, entre o Barreiro e o Bairro Nova Suíça, já estão prontos. Para esse trecho, faltaria um documento transferindo o patrimônio da CBTU para a Metrominas, órgão do governo de Minas que ficará responsável pela licitação.

Primeiros passos

A duplicação da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, é outra obra que faz parte dos discursos e promessas de campanha. A Rodovia da Morte já pode ser considerada como uma promessa que está sendo cumprida pela presidente Dilma Rousseff (PT). Neste semestre começaram as obras nos primeiros trechos da Rodovia da Morte, com a construção de túneis e terraplenagem das novas pistas. Algumas etapas da obra, no entanto, ainda poderão causar grande dor de cabeça para motoristas que passam pela via, já que dois lotes da duplicação não foram licitados e podem sofrer novos atrasos.

(Fonte: Estado de Minas)

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