Animais são coloridos com diversas cores para serem comercializados. Veterinária diz a coloração dos pintinhos pode ser prejudicial.
Centenas de pintinhos são comercializados semanalmente em uma feira popular no Bairro Canaã, em Ipatinga. Os filhotes que tiveram sua coloração natural alterada chamam a atenção de crianças e adultos que passaram pelo local. A internauta Poliana Alves enviou um foto mostrando como os animais estão sendo vendidos pelos ambulantes da feira.
A estudante Keila Martins Soares também esteve na feira no domingo (17) e viu a venda dos pintinhos. Segundo Keila, além de vendidos, eles também são disponibilizados como brindes para os clientes da feira. A estudante conta que comprou um dos bichos por R$ 2 de um ambulante.
“Eles são muito bonitinhos. Tem para todos os gostos, rosa, verde, amarelo e azul. Estava com a minha sobrinha passeando pela feira, quando me deparei com os pintinhos a venda. Criança que gosta muito de animal, fica encantada ao ver os bichinhos de todas as cores. Claro que eu não comprei todos, mas levei dois de presente para ela. Achei a ideia atrativa é uma forma de chamar os clientes”, diz.
Já outra leitora, que não quis se identificar, conta que no início do mês também comprou um pintinho colorido na feira do Canaã e que o animal não sobreviveu nem uma semana.
“Quando eu vi, comprei porque meu filho gosta muito de um desenho animado com uma galinha, portanto achei que os pintinhos iriam despertar o interesse dele. Porém, o animal morreu com quatro dias, e minha ideia de agradar trouxe uma insatisfação para meu filho”, lamenta a mãe.
Repercussão
No início dessa semana, internautas do Vale do Aço manifestaram a insatisfação com a vendas dos animais coloridos na feira. Alguns leitores julgam que os animais sofrem maus tratos e pedem a intervenção dos órgãos responsáveis.
No Líbano, país do oeste Asiático, a venda de pintinhos coloridos é uma prática comum. Pintinhos tingidos com corantes artificiais são vendidos em um mercado de rua em Beirute. A prática é uma tradição no país durante a preparação para a Páscoa.
Veterinária critica vendas
Segundo a veterinária Cibele Assis, os pintinhos coloridos surgiram a partir de uma alternativa de descarte lucrativo. A profissional explica que os pintinhos nascidos machos, não tem utilidade para o mercado.
“Hoje a novidade dos pintinhos tingidos veio como uma alternativa de descarte lucrativo para pintinhos nascidos machos, isso porque para o comércio de ovos só servem galinhas poedeiras e até então um destino dos pintinhos machos seria o descarte por meio de incineração. Para não perder dinheiro com os nascidos machos, as pessoas inventaram a venda dos bichos coloridos”, afirma.
Ainda segundo a especialista, essas aves são tingidas com tintas tóxicas, podendo levar à cegueira, intoxicação, entupimento das vias respiratórias e até a morte.
“Existem dois modos de colorir esses animais, a primeira delas é a tintura injetada no ovo ainda no 18º dia de incubação. Os filhotes podem ser também pulverizados ou mergulhados na tinta, logo que nascem. Essa última técnica é a mais utilizada no Brasil. Feita de uma forma errada, ambas as técnicas são prejudiciais”, declara.
Cibele faz ainda uma alerta para a venda dos pintinhos coloridos. Para ela, além de ser um desrespeito à natureza, essa prática é também uma covardia contra esses animais.
“Na minha opinião, isso é um abuso. Esses seres indefesos se tornaram ação de compra por alguns pais e alguns professores que presenteiam suas crianças, sem conhecer a face cruel dessa prática”, diz.
A veterinária acredita que essa crueldade não é cometida somente contra os pintinhos, mas também contra as crianças, que em sua inocência, aprenderão da pior forma a falta de valor à vida.
“As crianças sofrem pois esses pintinhos têm vida curta devido à agressividade do processo de tingimento, exposição em praças para serem comercializados, manuseio e transporte inadequado. A maioria dos bichinhos morrem em menos de 24 horas”, finaliza.
(Inter TV dos Vales)