CONHECER PARA PRESERVAR – Alexandre Sylvio Vieira da Costa

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O Brasil é um país continental, desta forma os fatos climáticos devem ser analisados regionalmente e com cuidado, considerando a avalanche de informações técnicas que são inseridas diariamente nos sistemas e na internet.

Temos atualmente em São Paulo e em grande parte de Minas Gerais extensos territórios sofrendo com a escassez de água, enquanto no Sul do Brasil, acompanhamos a poucas semanas grandes enchentes nos três estados daquela região onde até mesmo uma vaca foi parar no topo de um poste por conta do volume das águas.

Mas se voltarmos um pouco mais no tempo, mais precisamente em dezembro de 2013, lembraremos das enchentes que atingiram parte do Estado de Minas Gerais e arrasaram o Espírito Santo. Em algumas regiões as chuvas atingiram quase 900 milímetros, valores esperados para quase todo o ano. Mas agora, em grande parte de Minas Gerais, temos a preocupação com a estiagem e os reduzidos volumes de chuvas.

Os relatórios da CPRM indicam que de janeiro a março deste ano nas bacias do Rio Doce e Jequitinhonha as chuvas foram, em média, 45% das chuvas médias históricas dos últimos 15 anos. No Vale do Mucuri este valor foi um pouco melhor: 65%. Em cidades de médio porte como Governador Valadares, na bacia do Rio Doce o próprio Rio Doce atingiu níveis muito baixos a ponto de ameaçar o processo de captação de água pela empresa de abastecimento.

A situação se agrava considerando que temos ainda pela frente pelo menos três meses de período seco, ou seja, existe a tendência do Rio Doce baixar ainda mais. Em Tumiritinga, também as margens do Rio Doce e onde é realizada uma das leituras de volume de água, os valores medidos em março foram de 280 metros cúbicos de água por segundo com registro mínimo histórico de 207 metros cúbicos por segundo, ou seja, ao que tudo indica, o volume do Rio Doce, este ano irá bater o recorde de baixa no volume de água.

Estamos colocando como exemplo o Rio Doce, mas diversos outros rios do Estado encontram-se na mesma situação. Mas, porque esta situação agora? Temos que avaliar considerando os fatores climáticos globais e locais além é claro, da ação do homem.

Onde foi parar aqueles 900 milímetros de chuvas que caíram em dezembro do ano passado. Uma parte vai direto para os rios, mas outra grande parte deveria infiltrar no solo e ser armazenada nos lençóis freáticos e artesianos para serem liberados lentamente ao longo dos meses, principalmente no período de estiagem, evitando uma redução excessiva na vazão dos rios e no comprometimento do abastecimento das cidades, mas infelizmente, isto não tem acontecido.

A degradação das matas e a erosão dos solos tem impedido que este processo do ciclo hidrológico ocorra, prejudicando não apenas o homem, mas todos os seres vivos que dependem destes recursos hídricos.

A solução deste problema não está em medidas mirabolantes ou projetos complexos, mas no conjunto da atitude que passa pelos governos, pelos empresários, produtores rurais até chegar as cidades e a população. Apenas a consciência ambiental no campo e nas cidades poderá reverter este quadro que está se mostrando extremamente crítico em um futuro próximo.

Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?



– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;

– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br

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