A Copa, os papelões e as eleições – Paulo Henrique Silva

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Como imaginado, a virada de semestres em 2014 entrou para a história do nosso país devido a vários fatores, muitos deles além do futebol.

Com o início da Copa do Mundo em junho, o tão alardeado caos brasileiro não aconteceu e o Ronaldo Fenômeno passou vergonha meio que sozinho, mais pelo que disse, do que pelo que realmente se viu durante o evento.

O ‘Fenômeno’ conversou demais antes da hora e depois precisou ‘enfiar a viola no saco’ e se render a Copa, com o sucesso do evento reconhecido pelos jornalistas e turistas estrangeiros que estiveram no Brasil.

(Candidato usou boneco de papelão para militantes tirarem fotos – Foto: Reprodução Twitter)

De quebra, com a atuação da seleção brasileira em campo diante da Alemanha, ainda perdeu o título de maior artilheiro de todas as Copas.

Dois papelões em um…

A Fifa também não deixou por menos.

Em 2012, durante uma entrevista na Inglaterra, seu secretário geral Jérome Valcke, foi taxativo: “As coisas não estão funcionando. Muitas coisas estão atrasadas. O Brasil merece um chute no traseiro”.

Pois bem, o que vimos durante o evento foram falhas relacionadas aos assuntos de competência da Federação Internacional: Stewards, os agentes de segurança privada contratados pela Fifa, permitiram uma invasão de cerca de 100 chilenos no Maracanã, além de objetos e pessoas indevidas dentro das instalações de todas as Arenas.

Faltaram até comida e bebida em vários estádios durante os jogos.

Mas o papelão maior da entidade máxima do futebol internacional foi o desmantelamento da ‘máfia dos ingressos’ em ação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, prendendo os responsáveis pelo esquema de venda ilegal de bilhetes.

Com estes papelões quem merece um “chute no traseiro” é o senhor Valcke e também aqueles que defenderam o “padrão Fifa” para o Brasil, pois o país seria muito pior se adotasse a “obra” de Joseph Blatter e seus companheiros.

Mas vamos adiante.

Entre um gol e outro, a Copa do Mundo no Brasil transcorreu de forma tranquila e, paralelamente ao evento, foram feitos os ajustes finais para as eleições de outubro.

As convenções partidárias foram finalizadas em 30 de junho, com os partidos políticos oficializando seus candidatos para o pleito de outubro.

O que se viu em uma destas convenções foi, literalmente, vários papelões.

O PSDB brindou a sua militância e seus correligionários com a possibilidade de tirar fotos “com Aécio”.

Vários bonecos de papelão em tamanho real do candidato foram dispostos para que se pudessem tirar fotos “com Aécio”.

(Candidato usou boneco de papelão para militantes tirarem fotos – Foto: Reprodução Twitter)

Este episódio nos remete a década de 80, época que marcou a chegada do videocassete e o advento das locadoras de filmes.

Eram comuns os bonecos de papelão, em tamanho original das estrelas protagonistas dos filmes de Hollywood, decorando os estabelecimentos.

Recentemente, duas indústrias pegaram um gancho na Copa e lançaram “Felipões” e “Neymars” de papelão em suas campanhas publicitarias nos pontos de venda. A do técnico gaúcho contemplava ainda um espaço para tirar uma foto “ao seu lado”.

Típico recurso utilizado por celebridades, os bonecos de papelão de políticos nos forçam a uma reflexão.

O que passa na mente de um marqueteiro político que “vende” o seu candidato como celebridade? É consensual com o político?

O mais intrigante é imaginar o pensamento do político que se sente (e também se comporta) como uma celebridade.

Afinal, são representantes da sociedade, eleitos pelo povo, pagos com dinheiro público e responsáveis em defender os anseios dos seus eleitores.

Político celebridade é o que o nosso país não precisa, pelo contrário, precisa estar junto da sociedade, ouvindo os seus representados nas ruas e contribuindo para construção de uma sociedade mais igualitária e justa.

Basta a badalação em cima dos jogadores, técnicos e dirigentes de futebol; afinal, deu no que deu né… Um baita papelão…

O momento é oportuno para reflexões acerca da relação entre os fatos do dia a dia e o que eles representam nos rumos do nosso país.

Ouvimos incessantemente o pessimismo nas campanhas virtuais #imaginanacopa ou #nãovaitercopa.

Tentou-se massivamente tirar o sentimento de patriotismo de um povo com relação a sua nação e nada aconteceu de alarmante a não ser a derrota vexatória da seleção da CBF, uma entidade privada e para poucos abastados dirigentes.

Retomemos agora a atenção para as propostas daqueles que querem representar o povo, mas que se comportam como celebridades hollywoodianas.

No “jogo” da eleição quem não pode perder é a sociedade.

Forte abraço!

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