Projeto de artesanato com Capim Dourado muda a vida de artesãos no Vale do Jequitinhonha

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Sirley Ferreira Alves, de 36 anos, caminha com cuidado na relva cheia de capim dourado, uma espécie de sempre-viva da família euriocaulaceae, que ela e outros 24 artesãos cultivam em Raiz, povoado de Presidente Kubitschek, a 50 quilômetros de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. O vegetal é a principal matéria-prima para a confecção de colares, brincos, anéis, bolsas, luminárias, vasos, fruteiras e outros objetos que conquistaram vitrines de shoppings de grandes capitais e começam a projetar a fama do lugarejo nos quatro cantos do país. Em média, o faturamento do grupo avança 50% de um ano para outro.

As artesãs Maria Alice e Shirley Ferreira Alves exibem os cestos feitos com planta nativa da Região Central de Minas que mudou suas vidas – Jair Amaral / Estado de Minas

Os preços das peças douradas que ganham forma nas mãos dos artesãos do pacato povoado do Jequitinhonha, onde residem cerca de 50 pessoas, oscilam de R$ 12 a R$ 200, mas sobem em torno de 200% quando são revendidas por comerciantes de grandes centros urbanos. A comunidade começou a ganhar a vida com o vegetal em 2007, quando Sirley fez curso de capacitação e descobriu o quanto valiosa pode ser a espécie nas mãos de um artista. A cor e o brilho das peças despertaram a atenção de vizinhos, que migraram para a atividade.

“Naquela época, produzíamos em torno de 100 peças por mês. Agora, em torno de 1 mil”, recorda a artesã. O capim dourado ajudou a melhorar a vida das famílias do lugarejo. Sirley, por exemplo, se lembra de um caso pitoresco envolvendo o carro que comprou com o aumento da renda. “Durante uma reunião com um consultor do Sebrae, ele perguntou ao grupo o que a gente sonhava conquistar num prazo de cinco anos. Eu respondi que desejava um carro. Muita gente riu de mim. Pois, menos de um ano depois, comprei um carro usado. Meses depois, um mais novo”.

Em 2011, o grupo foi auxiliado pelo Sebrae, que implantou na comunidade o projeto Artesanato de capim dourado em Presidente Kubitschek. “Trabalhamos em três eixos: associativismo, designer e gestão (formação de preços, por exemplo). Focamos (a presença) deles em feiras e, em cada uma, com linhas e designer diferentes. Paralelamente, desenvolvemos o cultivo do capim dourado para evitar a extinção”, disse Luciana Teixeira Silva, analisa do Sebrae em Diamantina.

Sucesso

Os produtos do lugarejo fazem sucesso nas feiras. Há casos em que todas as peças são negociadas. Maria Alice Alves, de 50, é uma das artesãs que já vendeu peças em várias cidades do país: “Belo Horizonte, São Paulo, Tiradentes, São Lourenço (Sul de Minas)…”. Da mesma forma, Eliad Gisele, de 25, que aproveita as mídias sociais, como o facebook, para propagandear os acessórios que faz com os fios dourados.

Outra estratégia do grupo foi criar uma identidade visual para as peças. Na prática, Sirley, Maria Alice, Eliad e os outros vizinhos passaram a produzir acessórios com faixas do capim escuras mescladas à cor clara. Mas os associados não se esqueceram de preservar a natureza. Com o apoio da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Sebrae, eles cultivam dois campos experimentais de capim dourado. Dessa forma, produzem o ano todo, evitando a extinção da espécie que, em Minas, só ocorre na Região Central.

Veja vídeo do capim dourado:

(Fonte: Estado de Minas)

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