Em plena crise econômica mundial, no dia 30 de outubro de 2007, o Comitê Executivo da Fifa confirmou o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014.
No ano anterior, em 2006, foi desencadeada a chamada Crise do subprime – os calotes no pagamento das hipotecas de imóveis – com o desequilíbrio na maior economia do mundo, os Estados Unidos.
A quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008, uma instituição que havia sido fundada há 158 anos e que ocupava o segundo posto de maior banco de investimentos dos Estados Unidos, alastrou a instabilidade para as bolsas de valores de todo o mundo.
Por aqui, o ex-presidente Lula disse à época, mais precisamente em outubro de 2008, que nos EUA a crise era um tsunami e que no Brasil, caso ela chegasse, seria uma “marolinha”.
Obviamente que foi muito criticado, até porque estávamos em um processo de eleições municipais e sua declaração foi vista como inconsequente e motivada pelas questões eleitorais.
Então este era o cenário: desencadeamento da crise norte americana (2006), Brasil escolhido como sede da Copa 2014 (2007) e o ápice da 2ª maior crise econômica mundial da história (2008).
Realmente a crise econômica mundial não afetou o Brasil de forma arrasadora, graças às escolhas feitas pelo Governo Federal para incentivar o consumo no mercado interno, com ganhos reais do salário mínimo e política social de distribuição de renda; geração de empregos formais com desoneração de setores da economia e investimentos em infraestrutura, com obras espalhadas pelos quatro cantos do país.
O Brasil manteve o crescimento econômico e o controle inflacionário, bem como aumentou suas reservas internacionais em dólares, fechando 2013, por exemplo, com o dobro do valor do que obtiveram os EUA.
Mesmo com estas conquistas, há a insistência de determinados setores, como a grande mídia, em enaltecer que a Copa 2014 não deixará nenhum, ou poucos, legados para o país.
Tudo uma questão de ótica.
Se a visão for pessimista e acompanhada do derrotismo característico da síndrome de vira-latas que é imposta pela elite à sociedade brasileira, realmente entendem-se determinadas opiniões, mesmo sendo um pano de fundo para outros reais desejos.
Oras, como um país que, segundo a Fundação Getúlio Vargas, terá em 2030, uma demanda de 312 milhões de usuários/ano, ante os 130 milhões atuais, consolidando-se como o terceiro maior mercado de transporte aéreo de passageiros domésticos do mundo, pode querer ampliar e/ou construir aeroportos apenas para receber os turistas estrangeiros durante a Copa do Mundo?
Um exemplo claro da disputa política em jogo é a ampliação do Metrô de Belo Horizonte.
Sempre responsabilizando a União pelo atraso na expansão, o Governo de Minas Gerais entregou no dia 15/05/2014 o projeto da chamada Linha 3, que ligará a Estação Lagoinha à Savassi.
Pois bem, uma semana depois, a Caixa Econômica Federal, gestora financeira, devolveu o projeto ao governo mineiro, pois ele estava incompleto, com uma série de pendências documentais, como o orçamento e o cronograma da obra.
Aí fica a pergunta: como pode uma equipe técnica de uma Unidade da Federação com a importância de Minas Gerais, entregar um projeto para a União sem orçamento e cronograma de execução?
Quem se beneficia de uma falha grotesca como esta?
Com certeza não são os usuários.
Enfim, a Copa 2014 serviu para antecipar investimentos que já se faziam necessários devido à pujança do nosso país e não para servirem apenas como legado do evento.
O que a população deseja é a conquista permanente de legados, ininterruptos, sem vínculo com o calendário eleitoral, tão pouco como instrumento de barganha de votos.
Precisamos estar atentos, em ano eleitoral, a todos os movimentos da classe política e, principalmente, identificar nos municípios em que moramos, o que realmente esta sendo feito para melhorar a qualidade de vida da população.
É o velho ditado: um olho no peixe e outro no gato.
Forte abraço!
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