Atendimento pelo SUS é diferencial da Apae de Araçuaí

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Na nona reunião da Comissão de Educação sobre essas entidades, instituições do Jequitinhonha destacam demandas.

A Comissão de Educação visitou a Apae de Araçuaí para conhecer os serviços prestados e verificar suas condições de funcionamento – Foto: Alair Vieira

A Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Araçuaí (Vale do Jequitinhonha) é a única a atender pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na região. Esse diferencial foi ressaltado pela conselheira regional das Apaes do Vale do Jequitinhonha e diretora administrativa da Apae do município, Eunice Maria Tanure Jardim, durante visita da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) à entidade. A visita precedeu uma audiência pública. Essa é a nona cidade que a comissão percorre de uma série de dez com o objetivo de conhecer a realidade das Apaes mineiras e de promover aproximação entre a ALMG e essas instituições.

Segundo Eunice, o SUS confere à Apae 2/3 de sua renda. Convênios com a prefeitura e o Governo Estadual também possibilitam a manutenção da entidade, assim como doações da comunidade. Ao todo, 100 alunos frequentam a instituição na área educacional. Além disso, 303 pessoas são usuárias da área clínica da entidade, o que representada cerca de 1.500 atendimentos ao mês. Como a instituição é a única a atender pelo SUS na região, a conselheira explica que a Apae de Araçuaí recebe pessoas de dez cidades próximas. “Por causa disso, precisamos de uma aporte maior”, afirmou. Eunice observou ainda que seria importante que no local houvesse mais uma equipe multidisciplinar para atender à demanda.

Segundo o presidente da entidade, Sebastião Soares Rocha, também durante a visita, há a necessidade de contratação de mais profissionais para o trabalho na instituição e também de investimentos na infraestrutura. Entre eles, citou a instalação de uma piscina fisioterápica e de um poço artesiano para possibilitar a continuidade do projeto de uma horta.

Em uma área de cerca de 1.500 metros quadrados, a sede própria, construída em 2008, é composta por refeitório, salas de aula, de vídeo e informática, de fisioterapia, fonoaudiologia, assistência social, pedagogia e oficina, além de refeitório, entre outros. O presidente da entidade, que existe desde 1998, relatou que são feitas oficinas de bijuteria e de reciclagem com alunos e pais. Os produtos são vendidos e revertidos para a instituição. Outra forma de renda, de acordo com ele, é o aluguel de mesas e cadeiras da instituição para festas.

Apaes da região destacam demandas

A audiência pública, que teve início com uma apresentação dos alunos da Apae de Araçuaí, contou com a presença de diversos integrantes de entidades do Vale do Jequitinhonha. Representante da Apae de Pedra Azul, Júlia Natalice Veloso de Figueiredo disse que uma demanda da entidade é a melhoria da estrutura física. Outra questão apontada por ela é a escassez de profissionais. Júlia apontou como um ponto positivo da instituição o laboratório de informática.

A audiência contou com a presença de integrantes de entidades do Vale do Jequitinhonha – Foto: Alair Vieira

Já a representante da Apae de Jenipapo de Minas, Vandirene Ramalho Moreira, contou que a falta de uma sede própria é um problema. Ela ressaltou que a entidade conta apenas com um profissional de pedagogia. “A falta de um transporte próprio também é um dificultador. O transporte fica por conta da prefeitura”, enfatizou.

De acordo com a representante da Apae de Jacinto, Sandra Menezes, a Apae da cidade é mantida pela prefeitura local. “A sede e os funcionários são custeados pela prefeitura”, relatou. Ela contou que uma preocupação é que uma futura mudança de gestão na prefeitura comprometa o trabalho.

A representante da Apae de Medina, Maria Calina, afirmou que a entidade existe há seis anos. “Temos 38 alunos atendidos e queremos ampliar para a zona rural”, disse. Maria relatou que a falta de profissionais é um dificultador.

Representante da Apae de Virgem da Lapa, Raimunda Cotta ressaltou que tem batalhado para implantar uma escola na entidade. “Meu maior desejo é colocar a Apae nos trilhos do desenvolvimento”.

Aulas – Segundo a representante da Apae de Joaíma, Kátia Melo, a sede da entidade é própria e nela são atendidos 60 alunos. “Funcionamos com profissionais do Estado e da prefeitura, mas o número é insuficiente. Além disso, não temos psicólogo e assistente social”, enfatizou. Ela falou que há aulas de capoeira e música para os estudantes, o que é um diferencial.

Para a representante da Apae de Jequitinhonha, Rosane Guedes, um dos pontos cruciais para a entidade é a aceitação das famílias e da comunidade. “Procuramos visitar as famílias e conhecer a realidade de nossos alunos”. Ela enfatizou que precisam, com urgência, de um carro, cadeiras de roda e de uma equipe multidisciplinar.

Já a representante dos pais da Apae de Araçuaí, Maria Helena Gomes Santos, agradeceu pelo atendimento que todos os alunos têm na entidade. “Lá, eles encontram tudo o que uma criança, um jovem e um adulto precisam: carinho, atenção e paciência. Há pais que rejeitam colocar o filho na instituição. Mas, dentro de casa, eles não vão ganhar o que precisam”.

O defensor voluntário das Apaes de Minas Gerais, Walmir Rogato Gomes Ruas, que também é aluno da instituição, conta que a grande maioria de alunos da Apae de Araçuaí depende de seus pais para exercer atividades diárias. “Uma das grandes dificuldades no processo é a família, que, às vezes por amar demais, não discute essas questões com seus filhos. A Apae trabalha com a autonomia de seus alunos”, avaliou.

Presidente destaca importância de fortalecer Apaes

Na audiência, que aconteceu no Centro Cultural Luz da Lua, o presidente da comissão, deputado Duarte Bechir (PSD), autor do requerimento para essa reunião, destacou que esses encontros possibilitarão traçar um panorama sobre a situação das Apaes e que as informações coletadas poderão ser utilizadas para direcionar melhor as ações do Estado em apoio a essas entidades. “Precisamos fortalecer as Apaes. Entidades sérias não podem viver, sobretudo, de doações”, disse.

O deputado Luiz Henrique (PSDB), que participou da visita, enfatizou que os encontros são muito proveitosos. “Nessa visita, soubemos que há demanda da entidade sobre o consumo de energia. Vamos solicitar à Cemig que possa incluir as Apaes no Programa Energia do Bem, que implementa equipamentos mais econômicos nas entidades filantrópicas e sem fins lucrativos como hospitais”, falou.

Para o prefeito de Araçuaí, Armando Jardim Paixão, esses debates são muito importantes. “Serei sempre parceiro dessa instituição”, afirmou. O vereador André Carvalho, que representou a Câmara Municipal de Araçuaí, destacou que a Apae cuida da educação especial, que leva em conta um tratamento diferenciado e profissionais capacitados para isso.

A secretária municipal de Educação de Araçuaí, Maristane Oliveira de Carvalho, afirmou que as escolas verdadeiramente inclusivas são as Apaes. “Faremos a educação inclusiva até onde nossos braços derem conta. Mas quem faz isso primeiramente é a Apae”, falou. Para o diretor regional da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), Ivandete de Jesus Quaresma, a educação deve ser inclusiva.

Já a diretora da Superintendência Regional de Ensino de Araçuaí, Sandra Regina Batista de Moraes, afirmou que as principais demandas das Apaes da região referem-se à infraestrutura. Ela parabenizou a Apae de Araçuaí pelo trabalho desenvolvido.

O consultor técnico da Federação das Apaes, Jarbas Feldner de Barros, enfatizou a relevância das reuniões. “O poder público se mostra atento às necessidades das pessoas com deficiência”.

Visitas – A comissão já foi a São Lourenço (Sul de Minas), Sete Lagoas (Região Central do Estado), Pará de Minas (Central), Além Paraíba (Zona da Mata), Montes Claros (Norte de Minas), Araxá (Alto Paranaíba), Uberlândia (Triângulo mineiro) e Manhuaçu (Zona da Mata). Paracatu (Noroeste do Estado) sediará a última reunião. (ALMG)

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