Moradores de Montes Claros (MG) denunciam que foram vítimas de vários golpes praticados por Darcy de Souza Aquino, que se passava por policial federal.
Uma das vítimas é o vereador e policial federal Cláudio Prates. Segundo o vereador que é vice-presidente da Câmara de Montes Claros, ele havia feito um acordo para comprar dois carros que seriam de Darcy. Os cheques referentes ao pagamento dos veículos tiveram os valores alterados. Posteriormente, o parlamentar também descobriu que os veículos foram tomados indevidamente de outras pessoas.
“Ele tinha várias identidades e CPFs e soltou dezenas de cheques sem fundos. Para facilitar os golpes, se passava por policial para tentar ludibriar as pessoas, causando também um dano à imagem da corporação.”
Ainda segundo Cláudio Prates, Darcy Aquino teria pedido dinheiro emprestado para várias pessoas, alegando que a quantia seria utilizada no tratamento de um câncer que o vereador foi vítima em 2013.
“Eu não sofri prejuízos financeiros, tive danos morais. Ele usou do meu nome para lesar terceiros. Os valores dos prejuízos que tenho conhecimento já ultrapassam R$ 700 mil.”
Prates acionou a Justiça e está processando Darcy Aquino por vários crimes, entre eles estelionato, injúria, ameaça e calúnia. O parlamentar afirma ainda que vai pedir indenização por danos morais e materiais.
Darcy Aquino foi preso nesta quarta-feira (21), no momento em que foi ao fórum para ter acesso ao processo. A Justiça havia pedido um mandado de prisão contra ele, porque ele estaria ameçando testemunhas e atrapalhando a investigação.
Um aposentado que não quer se identificar disse que foi procurado por Darcy, em nome do vereador.
“Ele me pediu para que emprestasse R$ 45 mil para o tratamento de câncer do Cláudio, como não tinha todo o dinheiro, dei R$ 18 mil”, fala a vítima, que ainda tem os cheques em nome do filho do suposto estelionatário, que foram apresentados e devolvidos pelo banco, por falta de fundos.
“Procurei até pelo filho dele, que me disse que não sabia de nada. É vergonhoso para um filho ter um pai assim.”
A vítima afirma também que Darcy Aquino pediu dinheiro em nome de outros policiais federais. Ao procurar pelo suposto estelionatário o aposentado teve diversas promessas de pagamento.
“Ele chegou a pedir o número da minha conta para depositar a quantia, mas nunca tive o dinheiro de volta e quando comecei a cobrar, ele me ameaçou.”
Outro homem que não quer se identificar, diz que também ficou no prejuízo depois de acreditar em Darcy Aquino. “Vendi um carro para ele, recebi R$ 5 mil e dois cheques de R$ 20 mil cada. Além disso, ficou combinado que ele deveria quitar as parcelas do veículo, que era financiado e me dar mais R$ 3 mil”, fala a vítima.
Após receber o pagamento, os cheques foram usados na compra de outro carro. Mas como não tinham fundos, foram devoldidos. “Fui atrás dele, mas não consegui reverter o negócio. Tentei conversar e também não tive sucesso, por isso acionei a Justiça para recuperar o carro. Consegui, mas tive que pagar as prestações do financiamento e a documentação, que estavam atrasadas e cinco multas. Além de arcar com despesas de manutenção”.
A vítima diz também que após conseguir recuperar o veículo, foi ameaça de morte. “Ele disse que iria mostrar quem era homem de verdade e que ia ter o carro de volta de qualquer maneira, nem que para isso tivesse que me matar.”
Defesa
O advogado de Darcy Aquino, Marcos Avelino, afirma estar tranquilo com a prisão do cliente, já que a prisão não é definitiva. “A prisão dele foi decretada porque o juiz achou conveniente preservar o andamento do processo. Essa prisão não é definitiva e sim preventiva e poderá ser revogada a qualquer momento”, diz.
Ele afirma ainda que colhe provas para a elaboração da defesa do acusado. “A defesa preliminar será oficializada no prazo legal. Apresentaremos novas testemunhas para comprovar a verdade de nosso cliente. Produziremos ainda novas provas em confronto às apresentadas pela acusação”, completa o advogado. (Inter TV / G1)