Autoridades discutem hidrovia e revitalização do São Francisco

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Audiência foi realizada em Pirapora (MG), nessa quinta-feira (3). Condições do rio preocupam autoridades e produtores rurais.

Rio São Francisco em Pirapora, no Norte de Minas Gerais (Foto: Michelly Oda / G1)

Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou uma audiência, em Pirapora (MG), nesta quinta-feira (3), para discutir a reativação da hidrovia e a revitalização do rio São Francisco. O encontro foi realizado junto com a reunião dos prefeitos da Associação de Municípios da Bacia do Médio São Francisco (Ammesf).

Maria das Dores de Oliveira Duarte, presidente da Ammesf e prefeita de Claro dos Poções (MG), diz que “a reativação da hidrovia está ligada a realização dos aos projetos estruturantes, que garantirão a revitalização do rio e a manutenção da atividade pesqueira”.

Ainda segundo Maria das Dores, além dos aspectos ambiental e social, a hidrovia também garante benefícios econômicos, já que facilitará, por exemplo, o escoamento da produção e a circulação de matéria prima.

O representante do Governo Estadual na reativação da rodovia, Coriolando Ribeiro, diz que “Minas Gerais acredita e aposta na hidrovia, por se tratar do transporte mais eficiente e sustentável que existe”.

Ribeiro destaca que as regiões Norte de Noroeste de Minas têm grande potencial agrícola e que a economia com o transporte da produção pode ser de 30% a 40%.

“O rio São Francisco é navegável, mas não está em condições de ser navegado atualmente”, afirma Coriolando. Para tornar a navegação uma realidade, o governo mineiro está realizado reuniões com os outros estados nos quais o rio passa, com o Ministério dos Transportes e com empresários que podem investir no entorno do rio e no transporte fluvial.

Mapa com a visão da bacia do São Francisco (Foto: Site Dnit)

Durante a reunião, o prefeito de Pirapora, Léo Silveira, entregou para os representantes da ALMG um fundo de compensação financeira que abrange os municípios que estão na calha do rio. A iniciativa foi tomada por Heliomar Silveira depois da vazão do reservatório da usina de Três Marias ser reduzida de 300 para 250 m³.

O prefeito afirmou também que o abastecimento de Pirapora foi estruturado com base em uma vazão de 600m³. Com a redução é possível que o município tenha que traçar um plano emergencial.

“Tivemos poucas chuvas, o volume da barragem de Três Marias está muito baixo e compromete o abastecimento de água, os projetos de irrigação e a rotina dos grandes consumidores, como a indústria têxtil”.

Um representante do Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit) esteve presente da reunião e disse apenas que um workshop sobre o rio vai ser realizado em Salvador (BA).

De acordo com o Dnit, “o rio São Francisco é totalmente navegável em 1.371 km, entre Pirapora (MG), Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), para a profundidade média de projeto de 1,5 m, quando da ocorrência do período crítico de estiagem (agosto a novembro)”.

Apesar do período de estiagem ainda estar distante, as condições atuais do rio preocupam o administrador da Associação dos Usuários do Projeto Pirapora (Auppi), Nadson Martins. 20 mil toneladas de frutas são produzidas no local, que emprega 1.600 pessoas.

Nadson Martins explica que a Agência Nacional de Águas determinou uma outorga de 11 milhões de m³ por ano, que já é inferior à demanda dos produtores. Apesar de já trabalharem com esse déficit, o que preocupa os agricultores é a possibilidade de que o rio não ofereça mais condições para a captação de água.

“Caso não chova, a tendência é que em meados de junho não possamos mais irrigar as plantações”, afirma Nadson.

“Em 2001 o rio São Francisco também estava com o nível baixo, semelhante à situação deste ano, mas isso aconteceu nos meses de agosto e setembro”, complementa o administrador da Auppi. Para garantir a captação de água, a associação pretende fazer obras de dragagem no rio, que ainda precisam ser autorizadas pelos órgãos ambientais.

O produtor rural Rubens Shigueru Minami conta que o pai dele foi um dos primeiros a investirem no cultivo de frutas em Pirapora, há 35 anos. O negócio já está na segunda geração, sustenta a família de Rubens e do irmão. A possibilidade que o negócio acabe é encarado com medo.

“A água do rio está muito baixa e sem a irrigação nada disso aqui pode existir, a produção se torna inviável e impossível”, diz Rubens. (G1)

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