PM desocupou também o bairro Cidade Nova, em Santana do Paraíso. Sete pessoas foram presas durante a operação.
Polícias chegaram por volta das 7 horas na área para realizar a desocupação (Foto: Patrícia Belo / G1)
A Polícia Militar, cumprindo uma ordem judicial, deflagrou nesta quinta-feira (27) uma operação para desocupação de áreas invadidas nos bairros Planalto e Veneza II, na cidade de Ipatinga. A reintegração de posse também foi feita na invasão do bairro Cidade Nova, pertencente ao município de Santana do Paraíso. No total sete pessoas foram conduzidas durante a ação.
Os moradores foram retirados da área mediante cumprimento de uma ordem judicial de desocupação de área, executada pela Justiça de Ipatinga, no mês passado. No dia 13 de março, um outro terreno público também foi reintegrado, a polícia retirou cerca de 300 pessoas dos bairros Nova Esperança e Recanto.
Além de diversos militares e grupos especializados da PM, a operação contou com o apoio do Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). A ação contou ainda com o apoio da cavalaria e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). O helicóptero da Polícia Militar de Belo Horizonte foi acionado para ajudar nos trabalhos.
Trabalhos
Segundo a PM, a equipe chegou às 5h30 para o início dos trabalhos, mas a ação somente começou a partir das 7h. De acordo com o tenente coronel, o comandante da PM Edvânio Carneiro, nos três bairros ocupados havia cerca de 500 barracos.
O comandante relatou que a desocupação acontecerá até o fim da manhã, e que até o momento sete pessoas foram conduzidas pela polícia, sendo que dois homens acabaram sendo presos por tentar colocar fogo em madeiras e lonas nas ruas próximas da ocupação.
“Mesmo com essas prisões, considero que a operação foi pacífica. A polícia entende que existe uma insatisfação por parte das pessoas que estão desocupando os imóveis, mas até o momento não houve nenhuma resistência intensa. Não foi preciso o emprego da força para tomar o terreno”, diz.
Das 500 famílias que abrigavam a invasão até meados de março, poucas restaram para acompanhar a desocupação (Foto: Patrícia Belo /G1)
Enquanto a polícia acompanhava os 20 oficiais de Justiça que estivaram no local para cumprir o mandado, o serviço de limpeza da Prefeitura de Ipatinga esteve nas áreas para auxiliar na ação. Cerca de 50 garis estiveram nos locais para ajudar a fazer a retiradas dos materiais e também de entulhos. Os moradores quebraram os barracos construídos e também colocaram fogo.
Resistência
Das 500 famílias que abrigavam a invasão até meados de março, poucas restaram para acompanhar a desocupação. Ainda assim, as que restaram se indignaram com o fato de serem expulsas dos lotes e prometeram voltar para o imóvel. “Vou tirar essa lona aqui, mas amanhã vou colocar de novo”, disse Priscila Quetuzia a um grupo de militares que aguardava a desocupação do terreno em que ela morava.
Mãe de quatro filhos, sendo que o mais velho tem 13 anos, a dona de casa Sheila Finamore estava morando em um dos lotes, no bairro Planalto, desde o dia 24 de fevereiro. Na sua demarcação, a ocupante bateu um concreto, e segundo ela já tinha ganhando tijolos, para acabar de construir a casa.
“Sempre morei de aluguel no bairro Caravelas, por fim estava morando em uma garagem com meus filhos e esposo. Passei por situações de humilhações e quando fiquei sabendo desta área vim e entrei. Trouxe meus móveis, e agora que a polícia chegou para retirar todos eu não tenho para onde ir com a minha família. Vou ficar sentada na rua com meus filhos e esperar uma resposta da prefeitura”, diz.
O comandante Edvânio relatou que para garantir o sucesso completo da desocupação a PM montará uma base móvel no local, e também conta com ajuda da prefeitura para tomar as medidas preventivas.
“Vamos ficar nas proximidades da área, em campana, por alguns dias, para garantir que ocupantes não volte ao local. Caso a PM pegue alguém em situação de flagrante, tentando ocupar novamente o local, poderá ir preso. Caso eles voltem, a polícia terá que novamente esperar um posicionamento da Justiça para determinar a saída”, explica.
Confronto
Após seguirem para as partes baixas do bairro Planalto, os moradores desapropriados entraram em confronto com os militares. Na rua Um, populares acusaram um tenente da PM de agredir um garoto com um tapa no rosto; na esquina das ruas 17 e 18, homens da cavalaria, tropa de choque e do canil da PM precisaram intervir junto aos moradores, que acusavam os militares de abuso de autoridade. De acordo com testemunhas, um policial teria também feito ofensas racistas a um jovem.
Durante o tumulto, quatro menores e um maior de 21 anos foram detidos e conduzidos à delegacia da Polícia Civil acusados de incitar a violência contra militares. Para controlar a situação foi preciso o batalhão de choque da PM fazer um ‘paredão’ de policiais para conter os ânimos dos moradores.
Sobre as questões de abuso de autoridade, Edvânio diz que a polícia trabalhou de maneira tranquila, sem nenhum tipo de agressão, e que os desentendimentos sempre acontecem. “Conversei com o pai da criança, que supostamente foi agredida, e resolvi o mal entendido”, disse.
De acordo com a prefeitura de Ipatinga, a administração acompanha de perto as ações desenvolvidas pela Polícia Militar na reintegração de posse, e afirma que mantém o compromisso de implantação de uma política habitacional municipal com base em critérios sociais e registros no Cadastro Único (CadÚnico).
Batalhão de choque foi acionado para controlar a euforia após ocupação (Foto: Patrícia Belo /G1)
(Fonte: G1 dos Vales)