Foi realizada na tarde dessa segunda-feira (24), no fórum de Coronel Fabriciano, a primeira audiência judicial do caso Walgney Carvalho, repórter fotográfico assassinado a tiros em abril de 2013. O acusado do crime, Alessandro Neves Augusto, o Pitote, prestou depoimento em juízo e declarou, mais uma vez, ser inocente.
Durante a audiência de instrução foram ouvidas ainda testemunhas de acusação e defesa, arroladas no processo.
Pitote chegou ao Fórum de Coronel Fabriciano acompanhado de seu advogado, Rodrigo Márcio do Carmo Silva. Seu depoimento durou cerca de uma hora e foi acompanhado pela promotora Carolina Pestana, representante do Ministério Público no caso, e pelo juiz Vitor Luís de Almeida, que presidiu os trabalhos.
(Foto: Patrícia Belo / G1)
Defesa
A tese da defesa usada durante a audiência desta segunda foi a mesma apresentada no final do ano passado durante a audiência do caso da morte do jornalista Rodrigo Neto, em que Pitote também é apontado como principal acusado.
Segundo o advogado de defesa, Alessandro seria inocente dos dois crimes. A morte de Rodrigo teria sido tramada e executada por Carvalho e uma terceira pessoa, conhecida como Serginho. Ainda segundo Rodrigo Márcio, após a morte de Rodrigo, esta terceira pessoa teria assassinado Carvalho por temer que ele revelasse a história.
Após a audiência, Pitote retornou para a cidade de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde se encontra detido desde junho de 2013, na penitenciária Nelson Hungria. O processo judicial entra, nos próximos dias, em sua última fase: a das alegações finais, onde será decido se o réu irá ou não a julgamento.
Queima de arquivo
De acordo com a denúncia do MP, Carvalho teria sido morto por Pitote por queima de arquivo. Segundo o inquérito, o repórter fotográfico teria afirmado por diversas vezes que sabia quem havia matado Rodrigo Neto. A história foi revelada pela Polícia Civil de Belo Horizonte, que investigou o caso.
O mesmo Pitote teria, no dia 8 de março de 2013, assassinado Rodrigo em companhia do detetive Lúcio Lírio Leal. Os dois crimes tiveram como semelhança o modus operandi – foram cometidos por motociclistas armados, que atiraram em pontos vitais das vítimas – e a arma. Pela análise balística dos projéteis recuperados dos corpos de Rodrigo e Carvalho, ficou comprovado que as balas saíram da mesma arma de fogo, embora ela nunca tenha sido encontrada.
O argumento de que Serginho seria o verdadeiro responsável pela morte de Carvalho foi rechaçado pela acusação, assim como ocorreu em Ipatinga, onde corre o processo da morte de Rodrigo.
Para a acusação, Serginho seria fruto da imaginação de Pitote e um álibi “repetido” – o mesmo nome foi apontado por Alessandro como sendo o autor de uma dupla tentativa de homicídio ocorrida em Vargem Alegre em 2012, em que ele também seria o autor. (G1)