Famílias são retiradas de terrenos invadidos em bairros de Ipatinga

0

Invasores estavam na área há pelo menos dois meses. Moradores foram retirados do local mediante ordem judicial.


Polícia Militar na reintegração da área ocupada no bairro Nova Esperança, em Ipatinga (Foto: Patrícia Belo/G1)

A Polícia Militar de Ipatinga realizou na manhã desta quinta-feira (13) a operação para retirada das famílias que ocuparam áreas públicas dos bairros Nova Esperança e Recanto. Segundo a PM, a equipe chegou às 5h30, mas a ação iniciou a partir das 07h. A operação ocorreu de forma pacífica.

Os moradores foram retirados da área mediante cumprimento de uma ordem judicial de desocupação de área, executada pela Justiça de Ipatinga, no mês passado. Muitos moradores da área invadida passavam apenas o fim de semana no local. Durante a ação, poucas famílias estavam no terreno ocupado, e, segundo os militares, muitos deles já haviam saído no dia anterior.

Além de diversos militares e grupos especializados da PM, a operação contou com o apoio do Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). A ação contou ainda com o apoio da cavalaria. O helicóptero da Polícia Militar de Belo Horizonte foi acionado para ajudar nos trabalhos.

De acordo com o comandante da PM Edvânio Carneiro, nenhum incidente foi registrado e os trabalhos aconteceram dentro da normalidade.

“O comando da polícia fez um cuidadoso trabalho de planejamento, pois sabemos que essa situação vai além da ocupação, é um problema social. Mas a PM fez uma avaliação da área e esteve no bairro dias antes, passando as orientações e pedindo para que as famílias saíssem de forma pacífica dos barracos. Por enquanto tudo esta acontecendo dentro do combinado”, disse.

Segundo a polícia, espera-se para os próximos dias a reintegração de posse das áreas invadidas no bairro Planalto, e está sendo organizado um outro planejamento para a desocupação daquele bairro.


Moradores colocaram fogo nos barracos construídos. (Foto: Patrícia Belo/G1)

As famílias estão sendo orientadas a procurar por parentes. “Quem não tem para onde ir, vamos ter que deixar na via pública”, disse a oficial. Ainda conforme a Justiça, a área ocupada pertence a prefeitura de Ipatinga. Cerca de 50 casas de madeira foram construídas no terreno particular, e dentro da área está localizada uma Área de Proteção Permanente (APP).

Ainda segundo a polícia, a desocupação da área foi anunciada nessa segunda-feira (10), mas alguns invasores, que não estavam no local, foram surpreendidos com a medida. Durante a ação, a maioria das casas foi derrubada depois da saída das famílias e pelos próprios ocupantes.

Moradores

A manicure Meire Dias, de 35 anos, mora no local com o marido há dois meses, e durante a ação, a mulher retirou madeiras, telhas e demais pertences de dentro da casa.

“Eu já sabia que tinha uma liminar na Justiça que previa a desocupação, mas não sabia quando isso iria acontecer, eu realmente fui pega de surpresa. Estava na minha casa agora pouco, e encontrei os policiais batendo na minha porta. Mas eles não foram grosseiros e nem agressivos, pediram para sairmos, e eu e minha família acatamos. Agora devo voltar para a casa da minha sogra”, disse.

Um outro morador da área criticou a decisão da prefeitura. “Agora vamos para onde? Ocupamos essa área porque no ano passado perdemos nossas casas com as chuvas. Eles falam que vão pagar aluguel social, mas cadê esse dinheiro. A polícia está aqui e tomou nossas casas, onde está o aluguel. Isso já tinha que ter sido providenciado antes”, desabafa.

O presidente da Associação dos Moradores do bairro Nova Esperança, Jenilson José de Almeida, reclama da retirada das famílias e diz que participou de algumas reuniões com a prefeitura para expor a situação e também estabelecer o diálogo, mas diz que não concorda com a desocupação.

“Concordo com a prefeita quando ela fala que existe muitos aproveitadores, mas neste local também existem muitos pais de famílias, e a área do Novo Esperança não é toda de risco. Em alguns lugares realmente é perigoso ocupar, mais a maior parte é tranquila. Existem muitas famílias neste bairro que há 12 anos ocuparam terras, e moram aqui até hoje”, conta.

Quebrando os barracos

Para auxiliar na ação, o serviço de limpeza da Prefeitura de Ipatinga esteve no local. Segundo a PM, cerca de 70 garis estiveram nas áreas para ajudar a fazer a retiradas dos materiais e também de entulhos. Os moradores quebraram os barracos construídos e também colocaram fogo.

“Prefiro tacar fogo nisso tudo do que deixar a prefeitura vir aqui pegar tudo que eu investi para construir meu barraco e vender barato. Salvei o que eu consegui retirar do local, e no resto peguei a gasolina e joguei fogo”, diz o mototaxista Antônio Carlos Pereira.


Garis, Conselheiros tutelares e PM se juntaram para desocupar a área. (Foto: Patrícia Belo/G1)

Prefeitura

A Prefeitura de Ipatinga informou que está acompanhando, através das equipes de fiscalização, as ações desenvolvidas pela Polícia Militar na reintegração de posse das áreas ocupadas de forma irregular.

Segundo nota, a desocupação é “pela preservação da vida, visto que as áreas ocupadas são classificadas como áreas de risco”, e afirma ainda que a política habitacional terá continuidade. (G1)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui