A presença de um aeroporto dentro de uma cidade pode impactar diretamente o crescimento urbano e a expansão imobiliária. Em Governador Valadares, o Aeroporto Coronel Altino Machado, localizado no Distrito Industrial desde 1966, influencia na altura permitida para edificações, torres, mastros e linhas de transmissão de energia, uma vez que essas estruturas podem interferir na segurança do tráfego aéreo.
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Atualmente, qualquer construção na cidade precisa de autorização do Departamento de Controle do Tráfego Aéreo (DECEA), órgão vinculado ao Ministério da Defesa. Essa exigência tem limitado o desenvolvimento da construção civil, já que a altura máxima permitida é de 216 metros acima do nível do mar. No entanto, a Secretaria Municipal de Planejamento (SEPLAN) argumenta que essa restrição não se justifica, pois o aeroporto recebe apenas aeronaves de pequeno e médio porte, como os aviões ATR-72 operados pela Azul Linhas Aéreas.
De acordo com Tompson Martins, diretor do Departamento de Controle Urbano da SEPLAN, “para se ter uma ideia, cerca de 10% de todos os projetos de construção de casas e prédios apresentados nos últimos cinco anos foram impedidos ou estão diretamente impactados pela exigência do certificado do DECEA”. No entanto, ele explica que esse cenário mudou e representa um avanço para engenheiros, construtores e despachantes imobiliários.
Atendendo a uma antiga demanda do setor da construção civil, a Prefeitura divulgou nesta segunda-feira (10) a Portaria nº 8.168, de 7 de fevereiro de 2025, que elimina a necessidade de apresentação do certificado ou qualquer outro documento do DECEA. Com isso, a responsabilidade pela análise dos riscos passa a ser da SEPLAN, conforme previsto na legislação vigente. A decisão entra em vigor nesta terça-feira (11/2).
Para Anderson Gusmão, membro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-MG) e associado ao Sindicato da Indústria da Construção Civil de Governador Valadares (Sinduscon-GV), “a extinção da autorização do DECEA traz grandes benefícios para a indústria da construção civil e renova os ânimos dos construtores, empresas e investidores do setor”. Ele destaca que a burocracia imposta pelo DECEA vinha atrasando processos e impedindo obras em áreas já consolidadas.
O empresário do setor da construção civil Rodrigo Pontes Cândido relata que já teve uma obra impedida devido às restrições: “Eu tinha uma construção no bairro Santa Rita, na avenida JK, de frente para o aeroporto, que não pude concluir até o momento devido a essa dificuldade imposta pelo DECEA. E o bairro Santa Rita é um bairro bem consolidado; minha obra tem dois pavimentos, e, para você ter uma ideia, o poste de iluminação pública é da mesma altura da construção”.
Com a nova portaria, a expectativa é que o setor imobiliário local ganhe novo fôlego, destravando investimentos e impulsionando a economia da cidade. A SEPLAN está disponível para esclarecimentos pelo telefone/WhatsApp (33) 3279-7438 e funciona no segundo andar da Prefeitura, de segunda a sexta-feira a partir do meio-dia.