O fazendeiro João Fábio Dias, 38, foi ouvido nesta sexta-feira (24/01) pela delegada Andrea Pochmann da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Conflitos Agrários. Ele negou participação no atentado contra 40 quilombolas em Verdelândia, no Norte do Estado.
(Sede da Fazenda da Torta)
O fazendeiro é o principal suspeito de comandar o crime. “Ele disse que estava em Janaúba (também no Norte do Estado) , na casa do pai no dia do atentado, porém o fato é que quase 30 vítimas disseram ter reconhecido ele no dia em que foram atacados. Ele é uma figura típica na cidade”, relatou a delegada.
Dias se apresentou à delegada em Janaúba, acompanhado de dois advogados de defesa. Ele disse à polícia que ficou sabendo que era suspeito do crime pela mídia e por isso resolveu se apresentar. A delegada explicou que ele foi ouvido e liberado. “Por enquanto não cabe prendê-lo, preciso dar prosseguimento ao processo, os advogados dele garantiram que ele não irá sair da cidade”, disse. Andrea ainda deve ouvir outros dez suspeitos do crime. “Os quilombolas foram atacados por um grupo e os identificados serão ouvidos”, afirmou.
Segundo ela, falta também ouvir outras duas vítimas do atentado, uma que está internada em um hospital de Montes Claros, também no Norte do Estado e outra que está internada na capital.
Em seu depoimento, Dias citou pessoas que poderiam confirmar que ele estava em Janaúba, os citados também serão ouvidos pela delegada. A previsão é que os trabalhos sejam encerrados por volta do dia 22 do mês que vem. Andrea aguarda também o resultado da perícia realizadas no local do crime.
Entenda o caso
No último domingo (19) um tiroteio em uma fazenda invadida em Verdelândia terminou com dois homens baleados e outras nove pessoas feridas. De acordo com a Polícia Militar, as tentativas de homicídios aconteceram por volta de 14h no assentamento Arapuim, dentro da Fazenda da Torta, onde cerca de 40 pessoas que estão acampadas há dois dias no local.
Os invasores contaram que dez homens encapuzados e fortemente armados chegaram ao local em duas caminhonetes e ordenaram que as vítimas deitassem no chão. Em seguida, eles foram agredidos com coronhadas, socos e chutes. Vários tiros foram disparados, mas, por sorte, só duas pessoas foram atingidas.
Antes da fuga, o grupo quebrou os vidros traseiros de um Fiat Uno e amassou o tanque de uma moto dos quilombolas. Além disso, lanternas, dinheiro e celulares foram roubados. Na cozinha da casa principal da fazenda, militares recolheram cápsulas deflagradas de armas calibre 38 e 12.
Ainda segundo os sobreviventes, um homem identificado apenas pelo apelido de “Joãozinho” e estaria no meio dos criminosos. Ele é filho de João Dias, dono do imóvel.
(Fonte: Portal O Tempo)