Os vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Glêdston Araújo, o Guetão, e Geovanne Honório, que também é o presidente da Câmara de Vereadores de Valadares, estão processando os moderadores do grupo “Aconteceu em GV” em uma ação na qual alegam danos morais sofridos por uma publicação de um terceiro na página do grupo. O engenheiro André Zãn Ramos e o advogado Henrique Cotta Ferreira Soares, moderadores do Aconteceu em GV, afirmam que não deram causa à referida postagem e que os vereadores também nunca denunciaram ao grupo a postagem que poderia ter causado os alegados danos morais. A audiência aconteceu nesta quarta-feira, às 13h30, no Juizado Especial (Jesp), em Valadares.
Os vereadores afirmam que passaram a “sofrer inúmeras agressões de cunho verbal e até mesmo acusações de prática de corrupção”
Nas alegações, os vereadores afirmam que passaram a “sofrer inúmeras agressões de cunho verbal e até mesmo acusações de prática de corrupção” ao defenderem a aprovação do Projeto de Lei 017/2013, de autoria de Geovanne Honório, que “estabelece limites e exigências para a realização de edificações de grande porte em área do município de Governador Valadares”.
O vereadores alegam ainda que em outubro de 2013 um usuário com nome de Diego Carvalho teria publicado uma postagem ofensiva, inclusive com fotomontagem, com a “intenção de macular a sua imagem, com cunho calunioso e difamatório”. Como não foi possível identificar o autor da postagem, os administradores do Aconteceu em GV foram responsabilizados pelos vereadores “por permitirem em seu grupo ofensas de tal cunho”, afirma o texto da inicial do processo.
Por meio de nota, os vereadores Geovanne Honório e Glêdston Guetão explicaram por que recorreram à Justiça. “A ação contra o Grupo Aconteceu GV foi motivada em razão de difamação, injúrias e tentativas de macular nossa imagem. Os moderadores e administradores do Grupo são responsáveis pelo conteúdo e também por adicionar e excluir membros do grupo. Fomos atingidos como cidadãos e agentes políticos através de inúmeras agressões de cunho verbal. Ignoraram o bom senso em troca de ofensas, fotomontagens e acusações indevidas, o que repudiamos veementemente. Buscamos, através do processo, uma retratação e uma penalização pelo dano moral”, concluiu a nota.
Na página do grupo no Facebook consta que 17.697 internautas são membros do Aconteceu em GV. Há também uma descrição dos objetivos e das regras a serem seguidas pelos membros, onde é solicitado que postagens consideradas ofensivas sejam denunciadas ao Facebook e aos moderadores para providências.
Henrique Cotta disse ter se surpreendido com a ação movida pelos dois vereadores, uma vez que, segundo ele, “em momento algum houve alguma denúncia” da parte dos políticos. “Foi uma surpresa porque, além de não termos escrito a postagem, não registramos nenhuma denúncia por parte dos vereadores. Não houve solicitação para que tomássemos nenhuma providência. O grupo tem mais de 17 mil membros e regras a serem seguidas. Sempre que alguma postagem é denunciada, nós analisamos e, se for procedente, deletamos. Em casos de ofensas graves ou reincidência, excluímos a pessoa do grupo. Os vereadores precisam entender que são pessoas públicas e naturalmente estão sujeitos a críticas”, explicou Henrique, acrescentando que considera a ação uma forma de tentar intimidar o grupo.
André Zãn Ramos reafirmou que os vereadores não utilizaram as ferramentas disponíveis para denunciar a postagem questionada e que, ao processar os moderadores estariam tentando “censurar” o grupo. “O Aconteceu em GV, em momento nenhum recebeu qualquer denúncia dos vereadores quanto à postagem supostamente difamatória. Se tivesse sido denunciado poderíamos ter tirado. O estranho é que não fomos nós que postamos. O que nos parece é que há uma tentativa de impedir que algumas postagens sejam publicadas no grupo. O processo deveria ser contra quem postou. A partir do momento que o processo é contra os moderadores e não contra o autor, inclusive com pedido de retirada da postagem, mostra-se uma tentativa de censura, de controle do que é publicado”, ponderou.
Por se tratar de processo que tramita no Juizado Especial, todas as partes envolvidas devem comparecer pessoalmente e não apenas representadas por seu advogados. A audiência aconteceu nesta quarta-feira, no Juizado Especial, às 13h30.
(Fonte: Diário do Rio Doce)