Evento chega à 21ª edição nos dias 12 a 17 de setembro com cerca de 90 expositores e programação musical diária
A região do Vale do Jequitinhonha é marcada por uma vasta produção de bordados, tecelagem, peças de cerâmica e outros tipos de artesanato. A cada ano, a UFMG traz para Belo Horizonte parte dessa riqueza cultural de Minas Gerais com o objetivo de promover o trabalho desses artistas e ampliar as possibilidades de reconhecimento e comercialização de seus produtos. Neste ano, 90 expositores, representantes de 26 municípios e 37 associações de artesãos, incluindo os povos indígenas Aranã e Pankararu-Pataxó, da Aldeia Cinta Vermelha em Araçuaí, participam da 21ª edição do evento, que tem início na segunda-feira, dia 12. A entrada é gratuita e aberta ao público na Praça de Serviços do Campus Pampulha da UFMG (Av. Antônio Carlos, 6.627).
Organizada pela Pró-reitoria de Cultura da UFMG, por meio do programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, a feira prossegue até sábado, 17 de setembro, e conta ainda com apresentações musicais, exposição e homenagem a duas mestras artesãs. Segundo o produtor cultural e coordenador do evento, Sérgio Diniz, a feira “é resultado da articulação de diferentes órgãos da universidade e também do apoio financeiro de diversas entidades, que entendem o momento de crise pelo qual a universidade pública passa, bem como a importância social de uma iniciativa como esta”.
Criada com o objetivo de colocar os artesãos do Vale do Jequitinhonha em evidência na capital mineira, a feira segue com o princípio de valorizar a troca de experiências entre artesãos, universidade e comunidade local. Para Maria das Dores Pimentel Nogueira, coordenadora do Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, “a Feira não é somente um espaço para venda; é mais do que isso, um espaço de encontro. É fundamental que a comunidade universitária e a população de BH conheçam esses saberes ancestrais, tão importantes quanto os acadêmicos”.
Exposição e música
Além da comercialização dos produtos artesanais, a feira contará, de segunda a sexta, com apresentação musical de Déa Trancoso, Nino Aras, Paulo Mourão e Wilson Dias, além do Grupo Meninas de Sinhá. Durante os seis dias de evento, o público que passar pelo local também poderá conferir a instalação plástico-sonora Sinfonia, do artista visual de Araçuaí, Pierre Fonseca. Por meio de um painel interativo, as pessoas poderão ver e ouvir o canto de diferentes pássaros do cerrado, utilizando a tecnologia QR Code de seus celulares.
Homenagem
Desde 2009, a feira presta homenagem a mestras e mestres de ofício, entre ceramistas, trançadeiras, tamborzeiros, fiandeiras, tecelãs, bordadeiras, escultores em madeira, entre outros. Neste ano, as homenageadas serão Elza Có e Gesilene Pataxó, em evento na sexta-feira (16), às 17h, na Praça de Serviços.
De acordo com a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, a homenagem prestada pela UFMG representa um reconhecimento à força criativa dos saberes tradicionais, cada vez mais valorizados na própria Universidade. “Elza e Gesilene representam o que há de mais genuíno e sublime no artesanato mineiro, um dos maiores patrimônios de nossa cultura. Ao homenageá-las, a UFMG valoriza o trabalho de todos os mestres e mestras de ofício, que é de fundamental importância para perpetuar uma tradição”, afirma Sandra Goulart.
Conhecida como dona Elza Có, Elza Pereira de Andrade aprendeu a costurar e bordar desde cedo. O artesanato intrínseco em seu fazer foi se expandindo com os anos e aos poucos o bordado, tricô, corte de costura e a argila se tornaram complemento fundamental para a renda da família. Há 28 anos, assumiu o Boi de Janeiro e as negas de Heraldo, evento anual que rendeu-lhe o título de símbolo cultural de Jequitinhonha. Hoje, aos 87 anos, seu maior orgulho é ter conseguido perpetuar a cultura local com a fundação do grupo cultural Boi Cometa.
Liderança Pataxó, Gesilene Braz da Conceição, é mestra detentora de saberes ancestrais que estruturam a vida de sua comunidade na Aldeia Cinta Vermelha Jundiba, em Araçuaí. Importante referência na luta histórica em defesa dos territórios e direitos dos povos indígenas, enfrentou diversos percalços que a obrigaram a interromper os estudos, dedicando-se ao artesanato e ao ensino do ofício. Após 20 anos sem estudar, conseguiu concluir os estudos pela Educação de Jovens e Adultos e realizou o sonho de se formar em Pedagogia e tornar-se alfabetizadora. Com 45 anos de idade, hoje é professora da educação infantil de sua aldeia.
Programação cultural
- 12/9 (segunda), às 12h30 – Show Cartas ao Vento, de Déa Trancoso
- 13/9 (terça), às 12h30 – Show Terreiro da Resistência, de Paulo Mourão e Adriana Lopes
- 14/9 (quarta), às 12h30 – Show de Nino Aras
- 15/9 (quinta), às 17h30 – Show Cantar é Viver, de Meninas de Sinhá
- 16/9 (sexta), às 12h30 – Show Encantos de Minas, de Wilson Dias
- Todos os dias – Sinfonia, instalação artístico-sonora de Pierre Fonseca
Serviço
- 21ª Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha UFMG
- 12 a 17 de setembro
- Local: Praça de Serviços do Campus Pampulha da UFMG (Av. Antônio Carlos, 6.627 – Pampulha)
- Horário de funcionamento: segunda a quarta, e sexta-feira (9h às 18h); quinta (9h às 19h); sábado (9h às 14h)