A delegacia de São João da Ponte, Norte de Minas Gerais , está fechada desde o dia 9 de janeiro deste ano. O laudo do Corpo de Bombeiros informou que o prédio corre o risco de desabar, o caso foi encaminhado à Justiça que determinou a resolução ou interdição do lugar e orientou os policiais a não ficarem no local.
Prédio da delegacia de São João da Ponte foi interditado.
De acordo com o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (Sindpol), em dezembro o Corpo de Bombeiros publicou laudo informando a situação precária da delegacia. A partir daí, o presidente regional do sindicato, Emerson Mota, encaminhou o caso à Justiça.
“Tendo em vista a precariedade do prédio, onde o risco de desabar é muito grande, foi portanto expedida pelo juiz uma liminar que deu um prazo de 10 dias para a polícia resolver o problema ou interditar de vez a delegacia”, afirma Emerson.
A liminar foi emitida no dia 8 de janeiro e, um dia após, a polícia se reuniu e definiu em ata o não funcionamento das atividades.
“O serviço está paralisado, desde a investigação, intimação e condução de presos, pois falta todo tipo de material e também ferramentas de trabalho que prejudicam inclusive a emissão de documentos”, informa o presidente.
Mas o problema não se resume apenas na estrutura do imóvel, eles estão também sem viaturas há sete meses por motivo de sucateamento. Em alguns casos, quando o atendimento é para ser feito nas proximidades, os policiais têm apelado para a caminhada ou com carro próprio para a execução dos serviços.
A delegacia é composta por um delegado, quatro investigadores e dois escrivães para atender a população de São João da Ponte e mais três cidades vizinhas. Só neste período de falta de estrutura, acumulam-se 275 inquéritos paralisados e 313 que ainda serão apurados. O presidente do sindicato lamenta o estado de insegurança.
“A população está desamparada e vão todos os dias à porta da instituição pedir pela segurança das famílias e patrimônio”, diz.
Atualmente o atendimento abrange somente a vistoria e emplacamento de veículos, por não depender do espaço predial para a realização das atividades.
A POPULAÇÃO ESTÁ TEMEROSA
A cidade com pouco mais de 25 mil habitantes não se conforma com a sensação de insegurança, como é o caso de Noêmia Dias que mora na zona rural de São João da Ponte. Ela se desentendeu com o vizinho e solicitou ajuda à polícia, mas não foi atendida por falta de viatura. “O sentimento é de abandono, pois a delegacia está caindo os pedaços, cheia de buracos e ainda não tem carro. Como eles poderiam socorrer a mim e a minha mãe de 93 anos?”, questiona.
A moradora é uma das pessoas que vai sempre à sede da polícia pedir agilidade na resolução do problema. Até hoje a intimação não foi encaminhada ao vizinho de Noêmia, exatamente pela dificuldade de deslocamento dos servidores até o endereço.
“Enquanto isso eu corro risco na zona rural e nas ruas da cidade, pois não tem veículo para oprimir e conduzir os criminosos. Será que eles vão ter que resolver isso é andando a pé, às vezes 20, 30 ou 40 quilômetros?”, diz Noêmia.
Apesar da realidade precária do lugar, a interdição assustou ainda mais a comunidade. Como situação está assim há muito tempo, eles questionam a inércia/imobilização por parte do governo.
Para o funcionário público Dário Borges já passou da hora de agir. “A violência aumentou bastante aqui no município, portanto é preciso que se reúnam Estado, Prefeitura e vereadores para que se resolva o problema o mais rápido possível”.
Prédio apresenta várias rachaduras e segurança dos presos também está comprometida.
OUTRAS VITÍMAS
A situação põe em risco também a integridade dos 35 detidos que ficam nas selas aos fundos da delegacia. As rachaduras seguem bem visíveis nas selas.
“O medo é de acontecer um desabamento com todo mundo aqui dentro. Estamos todos muito preocupados e estamos querendo melhorias e a transferência também”, diz o detento José Xavier.
(Fonte: Inter TV Grande Minas)