Escolas públicas de Itinga estão à beira do caos

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As escolas do município de Itinga, no Vale do Jequitinhonha, estão à beira do caos. Há prédios destruídos, carteiras quebradas, salas sem ventiladores, instalação elétrica exposta, banheiros inadequados, paredes mofadas, equipamentos de informática inutilizados e quadras de esporte em péssimo estado de conservação.

A prefeitura é responsável por 19 escolas com cerca de 1.400 alunos matriculados.

O prefeito Adhemar Marcos Filho (PSDB), há um ano no cargo, reconhece a situação. “Sei que estão em péssimo estado, mas precisamos de tempo para fazer a licitação e as devidas reformas. Solicitei o levantamento sobre a situação de cada uma, para termos uma ideia de quanto será gasto”, justifica o prefeito.

As escolas reabrem no dia 3 de fevereiro e para muitos professores, não há mais tempo para as reformas.


A situação mais crítica é da Escola Estadual Manoel da Silva Gusmão, no bairro Porto Alegre – Foto: Sérgio Vasconcelos

RESPONSABILIDADE DO ESTADO

Existem quatro escolas estaduais no município. A situação mais crítica é da Escola Estadual Manoel da Silva Gusmão, construída em 1980, no bairro Porto Alegre.

Em outubro do ano passado, uma forte chuva provocou sérios danos em toda a estrutura da escola que possui em torno de 400 alunos matriculados de 1º ao 9º ano.

Com a continuidade das chuvas em dezembro, a enxurrada invadiu todas as salas do prédio, destruindo livros da biblioteca, documentos da secretaria e equipamentos do laboratório de informática. “Contamos 30 computadores danificados. É um prejuízo enorme”, lamentou uma funcionária da escola.

Ela disse que muitos livros de matrículas e de prestação de contas que estavam em caixas plásticas, nas prateleiras baixas dos armários, ficaram molhados. “Estamos recuperando o que é possível”, disse ela.

Uma parte da cobertura da quadra de esportes também ficou destruída.

A situação que não era boa ficou ainda pior. Por todos os lados, o que se vê é só destruição. Por conta do salitre, o reboco de várias paredes caíram e o piso de cerâmica das salas de aula, está se soltando.

A ação do tempo também destruiu o acabamento dos bancos do pátio que estão com os tijolos carcomidos e à mostra.

O sistema hidráulico dos 11 banheiros não está funcionando e as caixas d’água estão vazias. O mato também tomou conta dos fundos da escola, atraindo ratos e outros animais peçonhentos que se proliferam com as chuvas e o aumento do calor.

A escola conta apenas com um funcionário para fazer o serviço de capina. ”Geralmente a prefeitura envia operários para este serviço, dias antes do ano letivo começar”, informaram os funcionários.

MURETAS PROIBIDAS

Para impedir novo alagamento com as chuvas de fim de ano, foram construídas muretas de tijolos, de aproximadamente 40 cm de altura, em cada entrada das salas. No entanto, a Superintendência Regional de Ensino de Araçuaí (SRE) determinou a retirada. “É proibido porque aqui é uma escola inclusiva, e a obra dificulta a entrada para cadeirantes”, justificou uma funcionária.

RISCO DE DENGUE

Para Valéria Borges de Menezes, mãe de duas alunas matriculadas na escola, o perigo agora é com a dengue.

Há muita água empoçada principalmente nos fundos e nas laterais do prédio.

Na entrada da escola, se formou um verdadeiro lodaçal de cor esverdeada. Além do mau cheiro, a situação está provocando a proliferação de pernilongos por toda a área.

“A maioria dos alunos daqui é da zona rural. Os pais não possuem condições para transferir os filhos para outras escolas”, opina Valéria Borges.

NA JUSTIÇA

O drama da Escola Manoel Gusmão, foi parar no Ministério Público. Para a direção da escola, o problema é com a construção de um alojamento de uma empresa que explora granito no município.

O aterro e o muro realizados pela empresa, rente ao da escola, dificultaram a saída das águas pluviais e o represamento, resultou na queda do muro da escola.

O responsável pela empresa garante que vai dar toda a assistência que a escola necessitar.

Um técnico da Superintendência Regional de Ensino esteve no local para fazer uma avaliação dos prejuízos. “Já se passaram mais de 70 dias e nada foi feito. Se não resolveram o problema no período de recesso, duvidamos que resolvam agora”, diz Valéria Borges.

Fonte: Gazeta de Araçuaí, por Sérgio Vasconcelos

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