POR DOUGLAS RODRIGUES, PORTAL ACONTECEU NO VALE
Viola, rabeca, cantadores, literatura de cordel e roedores de pequi: aqui, a festa é completa na sua 32ª Festa da Folia de Reis.
Foto: Manoel Freitas
Considerada a última trincheira da Cultura de Resistência do Brasil com “S”, a Folia de Reis mais importante do interior do Estado chega à sua 32ª edição. Portanto, nos dias 11 e 12 de janeiro de 2014, Alto Belo – que tem este nome por localizar-se entre o Vale do Jequitinhonha e o Norte de Minas, em um ponto realmente alto e belo, se transforma em capital nacional da música de raiz, com a realização da Festa da Folia de Reis de Alto Belo, pela primeira vez em dois dias em função da contenção de gastos por parte da Prefeitura de Bocaiuva, da qual, desde o ano passado, o evento é patrimônio imaterial de seu povo.
Distrito de Bocaiúva, a população de Alto Belo gira em torno de três mil habitantes, com destaque para produção de artistas populares, violeiros, rabequeiros, cantadores e poetas. Notabiliza-se, igualmente, por fabricar instrumentos musicais de cordas, confeccionados pelos artesões e rabequeiros Silval da Gameleira, Tozinho Pimenta, João de Bichinho, Moisés Pimenta e tantos outros.
A Festa de São José de Alto Belo, idealizada pelo músico, compositor, pesquisador e historiador Téo Azevedo, ganhador do Grammy Latino “Melhor Álbum de Música Brasileira de Raiz”, é uma festa que celebra a mais autêntica música brasileira. Além de grandes promessas e artistas consagrados, a Folia, desde o ano passada organizada pelo Mestre Valdo, da dupla sertaneja Valdo e Vael, atrai anualmente grande público por premiar os melhores mentirosos, imitadores e contadores de causos, bem como o maior roedor de pequi, maior chupador de manga e os maiores comedores de farinha e rapadura. No rol de atrações, ainda, feira de artesanato, comidas típicas e mostra de literatura de cordel.
Sem contar, é claro, com outras peculiaridades que transforma o distrito num grande palco de cultura popular, com a realização das tradicionais corridas de galinha, cachorro, porco, carrinho de mão, jegue e cavalo de pau. Por tudo isso, o banquete é completo e único. Alto Belo não tem igual, nos fazendo plagiar o jornalista Francisco de Castro, para quem “é no sertão que vive a alma brasileira”.