Conhecida como a cidade da Cachoeira do Curiango e das múmias, Itacambira é hoje um dos principais pontos turísticos do Norte de Minas
Escondida entre as serras do Mirante e Resplandecente, a cidade de Itacambira, no Norte de Minas Gerais, completa nesta segunda-feira, 1º de março de 2021, 58 anos de emancipação político-administrativa. O pequeno município de pouco mais de 5.400 habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o retrato de boa parte das pequenas cidades mineiras: pacata, acolhedora e detentora de uma rica cultura.
Situada a 100 km de Montes Claros e a cerca de 460 km de Belo Horizonte, Itacambira é hoje um dos principais destinos de turistas no Norte de Minas, que em sua maioria vão até a cidade para conhecer a famosa Cachoeira do Curiango, local que já chegou a receber mais de 500 pessoas em um único dia.
Reconhecida por sua preservação, e pela água escura e gelada que muitos acreditam possuir propriedades medicinais, a cachoeira está localizada em uma Reserva de Proteção Ambiental (RPA). Em virtude da pandemia do novo coronavírus, o ponto turístico precisou ser fechado para visitação, medida adotada pela Prefeitura Municipal para conter a propagação do vírus.
Igreja Matriz de Santo Antônio – Foto: Divulgação / Prefeitura de Itacambira
A cidade norte-mineira também carrega em sua história um mistério que até hoje intriga os moradores. Na década de 1950, o rompimento do piso de madeira da Igreja Matriz de Santo Antônio, erguida há mais de três séculos e tombada pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), revelou a existência de um porão onde foi encontrado centenas de corpos mumificados de homens, mulheres e crianças.
Até hoje ninguém sabe ao certo de quem são os restos mortais, que em grande maioria ainda conservavam parte da pele, fios de cabelos e vestimentas. Há quem diga que a cidade não tinha cemitério e os corpos dos moradores eram enterrados debaixo da igreja; outros já acham que os esqueletos são dos escravos que construíram o templo religioso, teorias essas que até hoje não foram comprovadas.
Mas não é só de mistérios e turismo que Itacambira é constituída, o município carrega em sua história, tradições antigas que não se perderam com tempo, como a Folia de Reis, um ato popular que procura rememorar a jornada dos reis magos a partir do momento em que eles recebem o aviso do nascimento de Jesus, até a hora em que encontram o Deus-menino.
O lavrador, Celmo Cardoso, hoje com 50 anos, conta que a tradição da folia é uma herança que herdou dos pais, e que desde que era pequeno já acompanhava os ternos de folia pela região. “Com oito anos de idade eu já ‘foliava’. É uma tradição que passou dos meus avós para os meus pais, que passou para mim e que agora quero passar para essa juventude, pois não podemos deixar acabar algo tão importante como a folia de reis”, destaca.
Tendo como padroeiro da cidade o Santo Antônio, todos os anos no mês de junho, os fiéis católicos se unem na realização da Festa Religiosa, um marco de fé e devoção que reúne pessoas de todo o município, além de visitantes e ex-moradores que voltam à terra natal para comemorar a festa do santo.
No mês de julho, a cidade deixa de lado a calmaria e tranquilidade, dando espaço para a agitação. É que nesse mês, ocorre a tradicional Festa Cultural, um evento de três dias que além de fomentar a economia local, ainda proporciona aos moradores um momento de felicidade e diversão, fugindo da rotina pacata do dia a dia.
Com seus mistérios, cultura, tradições e costumes, Itacambira vai resistindo ao tempo, tendo o sossego como característica e a hospitalidade de seus habitantes como marco principal. A cidade que por muito tempo pareceu está parada no tempo, hoje volta a se desenvolver e a trazer alegria para um povo que por muitos anos viveu nas margens do esquecimento.
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