Sustentabilidade, ressocialização e solidariedade. Esses são os pilares de um projeto em execução, há cerca de um ano, no Presídio de Coronel Fabriciano I, no Vale do Aço. Paletes de madeira que seriam descartados e virariam lixo estão sendo transformados, pelas mãos dos presos, em brinquedos e móveis, que são doados a instituições assistenciais do município. Do material reaproveitado são produzidos carrinhos, instrumentos musicais, jogos pedagógicos, camas, bancos, prateleiras e mesas.
O trabalho, benéfico aos detentos, à natureza e também a quem recebe as doações, é fruto de uma parceria entre a unidade prisional, a Usiminas – que anteriormente não tinha uma destinação útil para os paletes – e a Madeireira Palowa – que faz a doação de madeiras MDF.
Trabalho na marcenaria
Cerca de 15 presos do regime fechado trabalham diariamente na marcenaria instalada no presídio. Só em 2020, mais de 600 peças foram produzidas a partir do material recebido das empresas. Toda a produção é destinada a instituições que atendem crianças e idosos, como creches e asilos do município.
O diretor-geral do Presídio de Coronel Fabriciano I, João Batista Ferreira, explica que alguns dos presos que atuam na marcenaria já tinham experiência na área antes de serem privados de liberdade, possibilitando trocas de conhecimento com os colegas, o que torna ainda mais produtiva a atividade. “Esse é um tipo de trabalho que possibilita a profissionalização do interno, para que ele possa retornar à sociedade mais qualificado para mudar sua trajetória de vida.”, afirma.
Além de o trabalho ser benéfico para os presos e para a comunidade local, o diretor acrescenta que esse tipo de atividade impacta diretamente a segurança da unidade. “Há dois anos não temos nenhum registro de subversão da ordem ou qualquer situação que prejudique a segurança do presídio. Acredito muito que isso tem a ver com a nossa oferta de trabalho para os presos. Os internos se sentem valorizados e felizes por poderem fazer algo não só por eles, mas pela sociedade e pela família”, explica.
Foto: Divulgação / Sejusp
Troca de experiências
Antes de ser preso, Leandro Moreira era luthier – profissional que constrói, restaura e dá manutenção a instrumentos musicais de cordas e sopros em madeiras. Ele está na marcenaria contribuindo com o seu conhecimento desde o início. “Além de usar meu conhecimento e minha criatividade, o trabalho aqui ajuda em todos os sentidos, melhorando nossa concentração, trazendo bem estar, fazendo o tempo passar mais rápido e, principalmente, levando alegria e distração para as crianças”, conta.
Policial penal na unidade, Vera Lage é a responsável pela coordenação de produção da marcenaria. Ela explica que, antes do começo das atividades, durante 15 dias, os presos passaram por um curso básico de marceneiro oferecido por outra empresa parceira, a Criarte – Móveis Planejados. Todos receberam certificados e, com a prática diária, estão se aperfeiçoando cada vez mais. “Todos se dedicam com muito empenho. A gente consegue perceber a satisfação pessoal que eles têm em fazer algo que gera bem estar para a sociedade, orgulho para suas famílias e os qualificam profissionalmente”, comemora.
Grato pela oportunidade que está tendo de trabalhar, Wilson Silva nunca havia tido experiência com marcenaria, mas está feliz com o que tem aprendido. “Desde que eu tive a chance de participar do projeto, tenho me sentido uma pessoa melhor pelo fato de ajudar a levar um pouco de alegria para crianças que estão lá fora. Sem contar que, quando estamos ocupados e nos sentindo úteis, o tempo passa mais rápido e torna a experiência aqui dentro menos pesada e difícil”, relata.
Pela atividade laboral, os detentos recebem remição da pena: a cada três dias trabalhados, um é reduzido da condenação.
Quer saber as notícias do Aconteceu no Vale em primeira mão? Siga-nos no Facebook @aconteceunovale, Twitter @noticiadosvales e Instagram @aconteceunovale.