Garoto que vendia pastéis é morto por cliente “cega de raiva” no Vale do Jequitinhonha

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Um menino de 12 anos que vendia pastéis e outros salgados de casa em casa na cidade de Rubim, no Vale do Jequitinhonha, foi assassinado a facadas por uma mulher, de 39, que tem problemas mentais. O motivo teria sido uma cobrança no valor de R$ 1, que a suspeita ficou devendo para o garoto. O crime aconteceu nessa quarta-feira (6/1/2021). 

De acordo com a Polícia Militar, Kaike Júnior Moreira da Silva vendeu pastéis para os filhos da suspeita e, na hora de conferir o valor pago, viu que faltava R$ 1. Ele, então, cobrou o dinheiro. Houve uma discussão entre a vítima e as crianças, mas como não conseguiu o dinheiro, o menino deu as costas e foi embora. Nesse momento, a mãe das crianças foi atrás do adolescente e deu uma facada nas costas dele. 

Já ferido, o menino saiu pela rua pedindo ajuda e caiu na calçada. Ele foi levado por policiais e um morador da cidade para o Hospital São Vicente de Paulo, em Rubim. No local, ele recebeu os primeiros socorros e seria transferido para o Hospital Deraldo Guimarães, em Almenara, na mesma região, mas ele não resistiu e morreu ainda em Rubim. 

Após o crime, a suspeita se trancou dentro de um quarto da casa e deixou cinco facas do lado de fora, em uma janela. Uma das facas estava suja de sangue. Ela não queria sair da residência e os policiais precisaram ficar por horas negociando com a suspeita.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, foi necessário algemar a mulher, já que ela parecia estar transtornada e demonstrava agressividade. A suspeita tentou unhar um dos policiais e resistiu à prisão. Foram necessárias técnicas de controle de contato para conseguir detê-la.

A mulher relatou aos policiais que a vítima teria agredido o filho dela por estar faltando R$ 1 de troco. Ela foi presa em flagrante e levada para a Delegacia de Polícia Civil.

“Cega de raiva”

O delegado Thiago Carvalho recebeu a ocorrência e conta que, durante o depoimento da agressora, ela alegou ter problemas mentais, mas não chegou a dizer quais, nem oferecer laudos médicos que comprovem a alegação. Ela disse fazer uso de quatro remédios controlados para dormir e de outros dois pela manhã e que nos últimos dias ela estava sem parte dos medicamentos.

De acordo com o policial, a mulher alegou que o desentendimento com a vítima aconteceu quando o menino conferiu o valor pago por ela e reclamou da falta de R$ 0,05 e que, quando ela respondeu que estava sem o dinheiro, o garoto teria ameaçado seu filho. Momento em que, ainda segundo a agressora, ela ficou “cega de raiva” e “sem saber o que estava fazendo” pegou uma faca em cima de um armário para atacar o garoto. 

A mulher contou que já teve problemas com o vício em álcool e que parou de beber quando começou a fazer tratamento. Ela também relatou que já passou cinco dias presa por ter “furado o marido”.  No boletim de ocorrência, não foi registrada nenhuma testemunha presencial do crime, apenas os filhos da agressora, que ainda não foram ouvidos.

Kaike era um menino ativo e tocava pandeiro em projeto social 

A assistente social da prefeitura de Rubim, Samara de Carvalho Souto, contou que a família da vítima tem uma condição financeira ruim e sempre foi acompanhada pelos serviços de saúde e de assistência social do município.

Segundo ela, a mãe de Kaike não trabalha e tem mais duas filhas que têm menos de 12 anos. “A família recebe cestas básicas da prefeitura e é feito um acompanhamento constante para ajudá-los. O Kaike estava vendendo salgados há pouco tempo. A mãe está muito abalada”, conta a assistente social. 

Ainda de acordo com Samara, o adolescente era bastante ativo. Ele participava de aulas de músicas oferecidas pelo serviço social do município, tocava pandeiro e fazia outras atividades culturais e sociais em Rubim. A mãe do menino não recebe pensão alimentícia, já que o pai de Kaike já morreu. 

Crime chocou moradores de Rubim

Na cidade de Rubim, que tem pouco mais de 10 mil habitantes, a morte do adolescente causou muita comoção. Uma comerciante, que preferiu o anonimato, disse que conhecia Kaike e que ele era um menino tranquilo, conhecido por vender salgados. “A cidade toda está abalada, todo mundo está falando sobre isso. Foi um crime muito chocante”, enfatizou. 

Pelas redes sociais, conhecidos da vítima lamentaram o acontecimento. “Que notícia triste! Ele estava trabalhando para ajudar a família e acontece uma tragédia dessa!”, escreveu um dos perfis. 

Outro usuário escreveu: “Desculpa, Kaike, pela miopia da sociedade que não enxergou que você, com apenas 12 anos de idade, deveria estar protegido em seu lar ou sob a tutela do grande leviatã. Que sua partida prematura não seja em vão e que essa tragédia possa trazer uma reflexão pertinente para que outra família não passe por tamanha dor. Descanse em paz”. 

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