Os números divulgados nesta semana pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica em Ambiente Hospitalar (Nuveh), do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), em Montes Claros (MG), reforçam por si só a preocupação e a necessidade de prevenção aos ataques de animais peçonhentos. Nos cinco primeiros meses de 2020, a unidade já atendeu 1.184 casos de picadas de escorpião, caso mais comum registrado pelo HUCF e que corresponde a 80% do total de vítimas neste tipo de acidente. Infelizmente, dois dos pacientes não resistiram e faleceram.
“A atenção com crianças e idosos deve ser redobrada neste período de pandemia da COVID-19, em todos os aspectos. E, neste sentido, reforçamos também o pedido para que se tenha cuidados e evitem os riscos de acidentes com animais peçonhentos”, alerta o médico pediatra Carlos Lopo, da equipe do HUCF.
FATAIS – Entre janeiro e maio de 2019, o Nuveh registrou 1.173 picadas de escorpião, 1% a menos em relação a este ano, contra 1.060 em 2018, no mesmo período. Sobre os casos fatais, neste ano, até a primeira semana de junho, dois falecimentos por causa de escorpiões: um menino de 7 anos, natural de Janaúba, e uma criança de 4 anos, do distrito de Bentópolis de Minas, município de Ubaí (Norte de Minas). No histórico recente, um óbito em 2018 (criança de seis anos) e três óbitos em 2019 (crianças de 3, 10 e 12 anos).
“Apesar de ainda não estarmos no período que combina altas temperaturas com chuvas, não devemos esquecer que os animais peçonhentos estão soltos e vivem mais próximos do que imaginamos. A prevenção deve existir a todo o momento. As medidas antecipadas aos animais peçonhentos, assim como os cuidados preventivos que estamos vivenciando com a gripe, é sempre a ação mais tranquila e aceitável de se evitar uma internação grave ou o risco de morte”, pontuou o médico.
MAIS NÚMEROS
Como citado acima, as picadas de escorpiões foram responsáveis por 80,38% (1.184) das notificações de atendimento no Hospital da Unimontes entre 1º de janeiro e 31 de maio deste ano. Considerando o histórico de casos com os demais animais peçonhentos, o total geral chega a 1.473 vítimas em 2020: ataques de serpentes (96), de insetos desconhecidos (56), aranha (23), lagarta (24), abelha (16) e de marimbondo (7). O boletim considera, ainda, outros ataques, como mordedura de cães (62), de gatos (2), de morcego (1) e rato (1) e, ainda, acidente com primata/macaco (1).
Em todo o ano de 2019, o Núcleo do HUCF teve 3.146 notificações: escorpiões (2.833), picadas de serpentes (121), insetos desconhecidos (86), aranha (45), marimbondo (17), lagarta (16), abelha (24), mordida de morcego (3) e lacraia (1). No ano anterior, foram 2.908 notificações, com a maioria de vítimas de picadas de escorpião (2.833).
SOBRE OS ESCORPIÕES
Escorpiões são aracnídeos como as aranhas e alguns realmente oferecem riscos seríssimos. Existem aproximadamente duas mil espécies de escorpiões no mundo e, no Brasil, há cerca de 100 delas. O gênero Tityus é o que causa mais mortes, em especial o Tityus serrulatus: o escorpião-amarelo. Suas populações eram naturais do Norte de Minas, em uma área bem restrita, onde existiam machos e fêmeas. Hoje, a espécie foi introduzida em grande parte do Brasil e se reproduz por partenogênese. Isto é, não precisam de machos para gerar filhotes.
O escorpião é visto, hoje, como um problema de saúde pública, se adaptaram bem aos meios urbanos: cemitérios, esgotos e em locais de despejo de entulho e madeira.
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