A partir de sexta-feira, 29 de maio de 2020, e até o próximo dia 8 de junho, todos os setores do comércio de Ipatinga (MG) diferentes daqueles que são considerados essenciais (supermercados, padarias, farmácias, academias, postos de combustíveis, entre outros) deverão funcionar em dias alternados, três dias por semana. Eles estarão abertos somente às segundas, quartas e sextas, com expediente de 12h às 18h.
Esta foi uma das principais decisões de uma sessão de discussões do Comitê Gestor de Crise do município, realizada na noite desta terça-feira (26), na sala de reuniões do gabinete do Executivo, para refletir sobre o agravamento do quadro epidemiológico relacionado com o Coronavírus, na cidade e região, e deliberar sobre novas medidas para evitar o colapso do sistema de saúde local frente ao avanço da doença. Apenas nos dois últimos dias, Ipatinga registrou mais 47 casos positivos de Covid-19, somando agora um total de 149. As taxas de ocupação de leitos de UTI e Enfermaria subiram a 90% e 83%, respectivamente, sinalizando uma situação preocupante para os próximos dias, mesmo com uma série de medidas tomadas pelo poder público para minimizar os efeitos da pandemia.
O decreto municipal que regulamentará as novas providências oficializadas pelo Executivo será publicado nas próximas horas. Entre elas, está ainda a suspensão das feiras livres a partir desta sexta-feira (29), até 8 de junho, como forma de conter aglomerações. Está previsto, também, obrigatoriamente, o uso de máscaras não apenas em recintos fechados, mas em todas as áreas de Ipatinga. Os deslocamentos de idosos que se beneficiam da gratuidade do transporte coletivo também deverão ser restringidos em horários de pico.
Um dos principais argumentos para a tomada de novas medidas restritivas quanto à circulação de pessoas pelas ruas, no transporte e estabelecimentos de Ipatinga, além de outras ações complementares, foi um estudo com números perturbadores, apresentado durante a reunião. Segundo ele, com os índices de contágio atuais e uma projeção ascendente, no próximo dia 1º de junho já estaria esgotada a capacidade de internação em leitos de UTI no município, prevendo-se o prolongamento da crise por 70 dias subsequentes. Em relação aos leitos de enfermaria, o colapso ocorreria a partir da segunda semana de junho, com duração de 36 dias.
O representante da Fundação São Francisco Xavier na reunião do Comitê chamou a atenção para a grave situação verificada no Hospital Márcio Cunha nesta terça-feira, quando a ocupação dos leitos de UTI chegou a 120%, ou seja, dois pacientes não tinham onde ser alojados para tratamento. “Não tomar providências mais drásticas neste momento seria flertar com a catástrofe”, resumiu.
Leitos adicionais e novos respiradores
A Secretaria Saúde de Ipatinga informou durante a reunião que até a próxima semana o município terá condições de instalar nas dependências da Escola Canuta Rosa, para eventual necessidade, um total de 40 novos leitos comuns para internação. Para isso, ressaltou que está contando com a colaboração de todos os municípios pactuados dentro da microrregião, que também se prontificaram a contribuir com o fornecimento de equipamentos e insumos. A estrutura serviria de apoio para o Hospital Municipal no caso de necessidade de disponibilização de suas instalações para atender a um maior número de pacientes com Covid-19.
Também durante a reunião do Comitê, a oficial representante da Polícia Militar informou que, nesta quarta-feira (27), agentes do 14º BPM se deslocarão até Belo Horizonte para buscarem três respiradores fornecidos pelo Estado para atender emergências no município.
Consenso
Embora num primeiro momento da reunião desta terça tenha sido apresentada uma proposta para alongar o horário de funcionamento das lojas durante a semana, suprimindo apenas o expediente de sábado, como forma de preservá-las de uma crise econômica já em curso e com agravamento iminente, ao final do encontro a decisão quanto às novas medidas a serem adotadas no município foi consensual. Representantes de todos os segmentos, inclusive lideranças comerciais, reconheceram a situação delicada do momento.
O Executivo ainda chamou a atenção para muitas outras ações que têm sido tomadas pelo governo municipal em paralelo com as restrições ao funcionamento do comércio, como a realização de testes rápidos, higienização de espaços públicos, expansão de horários de atendimento das UBS’s e habilitação de novos leitos nos hospitais. “Vamos instalar também cabines de sanitização em locais de grandes fluxos de pessoas na cidade. A situação é tão dramática que os gestores encontram dificuldades até mesmo para contratar equipes especializadas em saúde e adquirir equipamentos necessários a curto prazo”, mencionou o chefe do Executivo.
Além de membros do Executivo, da FSFX e de representantes de vários segmentos da área comercial, a reunião do Comitê Gestor de Crise contou com a participação de autoridades do Ministério Público, Defensoria Pública, Corpo de Bombeiros e Polícias Civil e Militar.
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