A região semiárida brasileira é caracterizada por longos períodos de estiagem, o que compromete a alimentação dos rebanhos bovinos, ovinos e caprinos. Com objetivo de oferecer alternativas a esse problema, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), vinculada da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecmento (Seapa), criou a Rede Palma, projeto que visa distribuir e multiplicar mudas de palma forrageira em municípios mineiros.
A ideia de criar a rede de multiplicação surgiu em 2017. Na época, o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) transferiu 25 materiais de palma forrageira para a Epamig Norte. Desde então, a empresa de pesquisa mineira realiza testes com esses mudas em diferentes locais do estado. As principais variedades de palma utilizadas são a Orelha de Elefante Mexicana, Sertânia e Miúda, variedades mais resistentes à cochonilha do Carmim (Dactylopius opuntiae).
Como alimento incorporado à dieta animal, a palma forrageira possui uma série de características energéticas e pode ser utilizada em substituição total ou parcial de alimentos tradicionais, como o milho. Além disso, a palma se destaca por altos índices de produtividade por hectare e teores de nutrientes favoráveis ao desempenho dos rebanhos mesmo durante a seca.
Cada produtor membro da Rede Palma recebe, em média, 1,5 mil mudas de cada uma das três principais variedades do projeto. Com o material em mãos, o produtor monta uma pequena unidade demonstrativa de palma forrageira em sua propriedade e passa a ser acompanhado pelas empresas que compõem a rede. A partir da implantação, a Epamig é responsável pelo auxílio na condução e realização de pesquisas, sempre com objetivo de aperfeiçoar as unidades demonstrativas.
Colaboração
O projeto é uma colaboração entre os produtores locais, a Epamig e instituições parceiras, como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e a Nestlé.
De acordo com a pesquisadora da Epamig, Polyanna de Oliveira, o produtor rural é o principal parceiro do projeto. Ela conta que, ao receber as mudas de palma, o produtor precisa garantir que a plantação será bem cuidada. Após um ou dois anos, o produtor se compromete a devolver a mesma quantidade de mudas recebidas para alimentar o projeto e possibilitar a inserção de novos produtores na rede. Ainda segundo a pesquisadora, a participação das outras empresas é fundamental.
“A Epamig distribui as mudas e faz visitas trimestrais para acompanhar a evolução da cultura, manejo de pragas e doenças. A Emater-MG faz visitas mensais e levanta demandas de novas unidades demonstrativas. Já a Nestlé disponibiliza dois técnicos para acompanhar as unidades, a produção e a qualidade do leite nas propriedades”, conta Polyanna.
A equipe que coordena a Rede Palma já planeja ações maiores para o futuro. Para resolver o problema da oferta de mudas, que ainda é baixa, será implantado nos próximos meses um campo de produção de mudas de seis hectares, três no Norte de Minas e três no Vale do Jequitinhonha. A ação será feita em parceria com a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O objetivo é beneficiar 500 famílias de agricultores familiares de 109 municípios mineiros pertencentes à área da Sudene.
“Ao fim de quatro anos, devido ao grande potencial de replicabilidade e sustentabilidade da Rede Palma, pretendemos atingir 2 mil famílias, especialmente aquelas formadas por agricultores familiares” projeta.
Para aprofundar ainda mais a discussão sobre palma forrageira no Norte de Minas, a Epamig realizará, em setembro, o Palma Tech, evento que vai reunir pesquisadores, técnicos, produtores, estudantes e demais interessados para o repasse de tecnologias e definições de estratégias. Para mais informações sobre o evento, clique aqui.
Foto: Divulgação / Epamig
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