A região Norte de Minas tem se consolidado como uma grande produtora de banana, responsável por mais da metade da produção da fruta no estado. Nas últimas duas décadas, o crescimento da área plantada foi superior à média estadual, passando de 9,25 mil hectares para cerca de 17 mil hectares. Estima-se que a cadeia produtiva da banana gere cerca de 12 mil empregos diretos e 35 mil indiretos na região, que concentra sete dos dez maiores municípios produtores.
A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em parceria com outras instituições, tem atuado para o desenvolvimento da cultura por meio da geração e transferência de informações e tecnologias de produção e manejo. Em 1978, a instituição, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), implantou na região uma coleção de variedades de bananeiras, entre elas a prata-anã, e, em 1979, instalou o primeiro experimento com manejo da irrigação, técnica utilizada em 100% das áreas produtivas do Norte de Minas.
A partir daí, muitos produtores viram no cultivo da fruta uma grande oportunidade. Vindo da província de Hokkaido, no Japão, área conhecida pelas baixas temperaturas e neve, o produtor Yugi Yamada conta ter se encantado, ainda na adolescência, pelas notícias de terras férteis no Brasil.
“Fui informado que existia uma empresa que tinha plantio de bananas para pesquisa e que lá tinha um japonês com quem eu poderia conversar. Eram a Epamig e o Jorge Kakida”, conta. Yamada conheceu os experimentos, apostou e comprou terras na região de Janaúba. No princípio, eram 45 hectares. Hoje, são 2 mil entre o Norte de Minas e outras terras planas, como Delfinópolis e o Tocantins. “Posso dizer que a banana é um grande negócio”, garante.
Jorge Kakida, produtor rural e gerente da Epamig Norte à época, conta que as pesquisas iniciais eram voltadas para plantio em áreas irrigadas. Segundo ele, o pacote tecnológico da Epamig, o cultivo de Yuji Yamada – que se tornou um exemplo para outros produtores – e o apoio de instituições financeiras fizeram com que o plantio da banana prata aumentasse.
Produtora de bananas desde 1999, Hilda Loschi conta que começou com sete hectares. Atualmente, a área plantada saltou para 70 hectares. De família tradicional no cultivo de frutas, Hilda diz que sempre que surgem questões em que precisa de apoio técnico recorre às pesquisas. “Acompanhamos os trabalhos da Epamig e também levamos demandas que precisam ser solucionadas”, diz.
Ciclo hídrico
Um ciclo de banana consome, em média, 1,3 mil milímetros de água. “Queremos chegar em um ponto em que seja economicamente viável reduzir a quantidade de água usada na irrigação sem perder a viabilidade econômica da produção”, afirma a chefe geral da Epamig Norte, Polyanna Oliveira.
Pesquisadora em irrigação, ela também destaca as variedades princesa e nanica como resistentes a climas secos. “Com a banana princesa reduzimos 40% da água na fase de desenvolvimento sem redução da produtividade. Seria uma boa opção para o Norte de Minas”, ressalta.
Além de irrigação, as pesquisas em bananicultura na região Norte de Minas geraram resultados nas áreas de adubação e nutrição de bananais, desenvolvimento e seleção de cultivares, combate a doenças e pragas, práticas de manejo da planta e do cacho, e cuidados pós-colheita.
E, para além da banana, a Epamig já alcançou resultados que se estenderam para a produção de outras fruteiras. “A diversificação é necessária e se abriram possibilidades com lima ácida Taiti, umbu, manga, abacaxi, maracujá e mangostão (ou mangostim)”, indica a coordenadora do Programa Estadual em Fruticultura da Epamig, Maria Geralda Vilela Rodrigues.
Uma outra vantagem alcançada no semiárido foi o isolamento do mal da sigatoka negra. No começo da década de 2000, o Norte de Minas foi declarado área livre dessa praga. Para garantir a sanidade da produção, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), em parceria com associação de produtores de banana da região, passou a lacrar os caminhões de escoamento.
De acordo com Maria Geralda, a tendência atual é de redução de custos, práticas agroecológicas e uso racional de defensivos. “As possibilidades são infindáveis, o que temos a fazer é avaliar as possibilidades de solo e clima, para então trabalhar o manejo”, aponta.
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