Desde 2016, 47 municípios brasileiros estão em situação de risco de surto de dengue, zika e chikungunya. As três doenças são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Um levantamento do Ministério da Saúde aponta que essa realidade ocorre em 11 estados diferentes, mas que a maioria das cidades está situada no Nordeste do país.
Um exemplo é Surubim, município do Agreste de Pernambuco. De acordo com o Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), a cidade está desde 2013 com risco de infestação. Em 2019, a taxa de presença do mosquito na cidade atingiu 18,60%. O número é 18 vezes maior do que o Ministério da Saúde considera como satisfatório.
Arapiraca, localizada no Agreste alagoano, é outra cidade do Nordeste brasileiro que tem sofrido com a infestação do Aedes aegypti. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, de janeiro a agosto de 2019, foram registrados 5 mil casos de dengue, 327 de chikungunya e 200 de zika.
A gerente de Vigilância das Arboviroses da Secretaria de Saúde de Pernambuco, Claudenice Pontes, explica que como a maior parte desses municípios sofre com a falta de chuvas, é comum que a população armazene água em casa. Isso, segundo ela, não é problema, desde que todos os recipientes estejam tampados, o que impede a proliferação do mosquito.
“Precisamos verificar se não tem nenhum depósito que vire um criadouro do mosquito quando vier a época de chuva. Aqui, quando chove, geralmente em seguida vem o sol, criando uma situação muito favorável para a proliferação do mosquito. Devemos estar atentos a esses possíveis depósitos e eliminá-los.”
Já no Sudeste do país, o problema da infestação do mosquito preocupa os moradores de Governador Valadares, cidade que fica na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. De acordo com o Departamento de Vigilância em Saúde municipal, entre janeiro e agosto deste ano, foram registrados 642 casos prováveis de dengue, 64 de chikungunya e nove de zika. Além disso, o LIRAa aponta que a taxa de infestação do mosquito atingiu 7,80% nos imóveis da cidade este ano.
Ricardo Alves é casado, pai de um filho e mora no bairro Nossa Senhora das Graças, em Governador Valadares. Ele foi picado pelo mosquito e contraiu dengue. O pintor, de 29 anos, conta que sofreu muito com a doença.
“Cheguei do serviço, no final do dia, e daí eu comecei a sentir um desânimo. Tomei banho e comecei a sentir o corpo quente. Aí, falei: ‘Tem alguma coisa estranha’. E daí só foi piorando no decorrer da noite. Tive febre e sentindo muita dor nas articulações, como se eu tivesse feito muito esforço durante o dia, coisa que não tinha acontecido.”
Como forma de evitar casos como o de Ricardo, o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, lembra que o mosquito não escolhe vítima. Por isso, ele reforça que a vigilância é a melhor forma de combater o Aedes aegypti.
“É preciso monitoramento, não tem nenhuma cidade que possa dizer ‘eu não vou ter, eu estou imune’, e não é só uma coisa coletiva, esse mosquito é domiciliar. Ele é da casa e vive em torno da casa.”
De acordo com o Ministério da Saúde, até junho deste ano, o Brasil registrou um aumento de quase 600% no número de casos de dengue em todo país, em comparação ao ano passado. Um salto de 180.239 casos para mais de um milhão e 230 mil casos. Os registros de zika e chikungunya também aumentaram em 37,5% e 15,3%, respectivamente, no mesmo período.
Lembre-se que você é responsável pela sua casa. Portanto, fiscalize possíveis criadouros como ralos, pneus, garrafas, vasos de flores e caixas d’água. Para mais informações, acesse: saude.gov.br/combateaedes.
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