Rafael Nonato* cresceu ajudando a mãe a comercializar, em uma feira popular do município de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, as verduras que ela cultivava. O adolescente, hoje com 15 anos, conta que foi inspirado nela que abraçou a oportunidade de participar da oficina de jardinagem, promovida pelo Centro Socioeducativo de Pirapora, no Norte de Minas. Em oito meses, o projeto Horta Urbana – Plantando a Liberdade, realizado graças a uma parceria entre a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), já mobilizou mais de 40 jovens, apenas na capacitação teórica e prática do plantio de legumes e verduras.
Além da profissionalização, a horta também é utilizada de forma interdisciplinar, tanto nas aulas temáticas da escola estadual, instalada dentro da unidade, quanto nos atendimentos desenvolvidos pela equipe de atendimento: psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, enfermeiros, entre outros.
Os profissionais da unidade foram capacitados por um técnico da Emater e hoje atuam como multiplicadores. O técnico também ministrou as aulas teóricas e práticas da oficina, e os jovens que concluíram as duas etapas receberam certificação. Agora, o trabalho de cultivo é orientado pelos multiplicadores e o técnico realiza uma consultoria mensal, de forma presencial, ou sempre que acionado – em caso de algum questionamento.
Um exemplo é a assistente social Layse Oliveira, que decidiu inovar e realizar atendimentos fora de quatro paredes, usando a horta como espaço de diálogo com os jovens. Foi nesse momento, enquanto trabalhava com a terra, que Felipe Santos*, de 15 anos, contou que seu tio também vende as hortaliças que cultiva em frente à barraca da mãe do Rafael.
Foto: Divulgação/Sejusp
Ele disse que possui parentes que lidam com o plantio, mas que nunca havia se interessado pelo ofício. Agora, revela que está crescendo o desejo de ajudar no trabalho do tio, vislumbrando uma profissão rentável para o futuro: “Adquiri conhecimento de preservação e preparação da terra, irrigação e muitos outros. Tem que ter paciência. Você planta e vai esperando crescer, cuidando sempre. Além de relaxar e ocupar a mente, pode se tornar um meio de renda, quando eu terminar de cumprir a medida”.
No futuro, Rafael também faz planos de reforçar o trabalho já desenvolvido pela mãe – grande incentivadora do jovem –, utilizando as técnicas que aprendeu na oficina de jardinagem. “Ela ficou muito feliz quando contei que estava participando. Disse que poderei ajudar e levar novas ideias para o negócio. Aprendi muita coisa; mas ainda posso aprender mais”, almeja.
O professor de língua portuguesa e inglesa da escola estadual da unidade, Amilton Melo, usa a iniciativa como tema para a elaboração de textos, rodas de conversa, levantando, por exemplo, o debate sobre a importância da horta urbana e outros trabalhos, dentro e fora de classe. “Tem sido proveitosa a interlocução com a experiência que eles estão tendo”, afirma. Amilton também promoveu um concurso de redação, cujo tema foi o cultivo da horta.
*Os nomes são fictícios para preservar a identidade dos adolescente, segundo determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
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(Fonte: Agência Minas)