Engenheira de Governador Valadares era pressionada pela Vale para assinar laudos, diz família

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Os laudos de operação da Mina da Fábrica, cujas barragens Forquilha I, Forquilha II, Forquilha III motivaram a saída de moradores de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e Ouro Preto, na Região Central de Minas, nesta quarta-feira (20), eram assinados pela engenheira Izabela Barroso, de 30 anos, uma das 171 pessoas que morreram em Brumadinho no dia 25 de janeiro. Outras 139 vítimas continuam desaparecidas, segundo último boletim da Defesa Civil.






De acordo com a família da funcionária da Vale, ela sofria pressão para assinar os documentos. “Ela chegou a falar comigo que sofria uma espécie de coação. Não era nada explícito, mas ela sentia a pressão. Ela sofria muito com isso”, disse o irmão de Izabela, Gustavo Câmara.

Ainda segundo Gustavo, a engenheira chegou a atrasar o pagamento do registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) para que a Vale transferisse a responsabilidade da assinatura dos laudos para outra pessoa.

“Sem o registro, ela não poderia assinar. Ela atrasou enquanto pode. Mas não deu certo”, disse o irmão.

Izabela estava no refeitório da Minas do Feijão quando a barragem se rompeu. O corpo dela foi identificado no dia 2 de fevereiro.

A Vale informou que não vai comentar o caso.

Moradores que vivem no entorno de cinco barragens da Vale, em Ouro Preto e em Nova Lima, deixaram as casas nesta quarta-feira (20). Ao todo, de acordo com a mineradora, cerca de 125 pessoas são afetadas.

As barragens são: Vargem Grande, localizada no Complexo Vargem Grande, em Nova Lima, e Forquilha I, Forquilha II, Forquilha III e Grupo, localizadas na Mina da Fábrica, em Ouro Preto. As estruturas fazem parte das 10 barragens da Vale do tipo “alteamento a montante” e segundo a empresa, elas já estão inativas.

Izabela Barroso morreu em Brumadinho – Foto: Arquivo Pessoal

Pressão

Não é a primeira vez que surge uma denúncia de assinatura de documentos sob pressão da Vale. O engenheiro Makoto Namba, da TÜV SÜD, um dos responsáveis por laudos de estabilidade da barragem de Brumadinho, e que chegou a ser preso por causa da tragédia, relatou uma reunião com a Vale sobre o laudo de estabilidade assinado por ele.

Namba disse que Alexandre Campanha, um dos oito funcionários da mineradora que estão presos desde o dia 15, perguntou a ele: “A TÜV SÜD vai assinar ou não a declaração de estabilidade?”.

Namba disse à PF ter respondido que a empresa assinaria o laudo se a Vale adotasse as recomendações indicadas na revisão periódica de junho de 2018, mas assinou o documento.

Segundo ele, “apesar de ter dado esta resposta para Alexandre Campanha, o declarante sentiu a frase proferida pelo mesmo e descrita neste termo como uma maneira de pressionar o declarante e a TÜV SÜD a assinar a declaração de condição de estabilidade sob o risco de perderem o contrato”.

A Vale informou a época que colabora com as investigações e que não vai comentar particularidades das investigações de forma a preservar a apuração dos fatos.

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(Fonte: G1 Minas)

2 COMENTÁRIOS

  1. O nome disso é corrupção e ela vendeu a alma ao diabo. Pagou pela própria falta de ética e moral. Se tivesse denunciado, ela e outras 300 pessoas assassinadas, por ela mesma e pelos outros irresponsáveis, estariam vivos.

  2. A verdade é que independente de ser coagido ou não a responsabilidade técnica pelas vistorias e cálculos de rompimento da barragem não poderia ser omitido se comprovadamente em risco eminente, deixar de pelo menos avisar a comunidade e autoridades policiais mesmo com o sacrificio do emprego, a vida das pessoas são mais importantes.

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