Um estudo revela que o mel de aroeira produzido no Norte de Minas pode ser mais poderoso do que parece. A cor escura do produto atraiu uma pesquisadora de Belo Horizonte que descobriu que ele pode combater doenças do estômago.
O mel da aroeira é extraído do néctar da árvore e do melato, um líquido que os insetos sugam da planta e excretam. A diferença deste mel para os demais, segundo a pesquisadora Esther Bastos, se dá por conta de uma espécie de casamento da planta com um inseto invisível a olho nu; o pulgão.
“O pulgão suga a seiva da planta e provoca nela a produção de uma resina que a protege das altas temperaturas da região, como um filtro solar. Esse filtro solar nada mais é que uma formação de substâncias fenólicas. A planta produz isso e manda para os tecidos mais externos, como folhas e flores. Assim ela se protege, através do pulgão”, explica a pesquisadora.
O casamento entre aroeira e pulgão gera matéria prima para as abelhas, que produzem mel escuro e cheio de propriedades medicinais.
“Só de consumir o mel, você já está melhorando seu sistema imune. Ele serve para amenizar úlcera gástrica, pode agir contra H. Pylori e pode ser feito em plastos para queimaduras e feridas. Ele também pode ser colocado em outros produtos para se tornarem medicamentos”, afirma Esther Bastos.
O mel no Norte de Minas
O Norte de Minas consegue produzir uma grande variedade de mel através da flora do cerrado. O mel de aroeira, em tempo de seca rigorosa, floresce e as abelhas se aproveitam para produzir, segundo os pesquisadores.
O mel de melato, como é conhecido nacionalmente, é produzido dezenas de municípios do Norte de Minas. Uma cooperativa que reúne apicultores de 26 municípios da região desenvolve um projeto para estimular a produção do mel de aroeira na região.
“Esse mel de aroeira a tendência dele é chegar a 500 toneladas por ano daqui um tempo. A diferença é que ele vai ser um mel premium, com certificação de produto orgânico e valor agregado maior”, afirma o presidente da cooperativa, Luciano Fernandes.
Depois da pesquisa feita acerca do mel de aroeira, os agricultores norte-mineiros mudaram o olhar para o produto. “O mel de aroeira era um mel qualquer. Hoje ele é estudado, tem muita pesquisa sobre ele, e vamos conseguir agregar muito mais valor do que hoje temos. Ele é um dos melhores meles que temos e ainda vai crescer muito”, considera Pedro Victor Meira, apicultor.
A Codevasf é parceira no projeto por reconhecer o potencial da região do Norte de Minas. O mel é todo orgânico, sem produtos agrotóxicos, e a expectativa é de que ele se espalhe por todo o país. O Norte de Minas é a terceira região maior produtora do estado e pode se tornar ainda mais importante para o setor.
“Não exploramos nem 10% do potencial da região ainda. Além desse potencial, as estruturas hoje são muito melhores que 10 anos atrás. Com as descobertas do potencial, o mel de aroeira vai poder ser exportado para que as pessoas experimentem e conheçam a produção”, afirma Fabricio Lopes, veterinário da Codevasf.
O sertanejo que depende da aroeira sabe do valor que a árvore que resiste com flores ao sol do sertão tem, antes de qualquer pesquisa feita.
“Nessa época da seca, não tem outra flor para nós a não ser a aroeira. O mel é um presente que ela nos dá”, comemora o apicultor José Redelvim.
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(Fonte: G1 Grande Minas / Repórter: Juliana Gorayeb)