Pelo menos 13 acidentes envolvendo motoristas com sintomas de embriaguez são registrados, diariamente, em Minas Gerais. Nos primeiros seis meses deste ano foram 2.382 ocorrências. O ato de irresponsabilidade é capaz de causar tragédias, como a desta sexta-feira em Montes Claros, no Norte do Estado. Um motociclista perdeu a vida após ser atingido por um veículo Golf conduzido por um motorista bêbado.
O condutor do automóvel desrespeitou a placa de parada obrigatória, avançou o cruzamento e acertou em cheio a vítima, de 26 anos. O rapaz foi arremessado a cerca de três metros de altura até bater contra um muro. Ele morreu na hora. O acidente aconteceu por volta de 6h40, depois que o motorista do Golf, que é contabilista e mora em Belo Horizonte, saiu de uma festa de formatura.
Segundo a delegada Áurea Alessandra de Freitas, os ocupantes do carro ajudaram a tirar o condutor do local e o levaram para uma casa nas proximidades. Lá, o contabilista se escondeu em um quarto. Quando a polícia chegou, a porta do cômodo teve que ser arrombada. O rapaz, os amigos dele e a proprietária da casa foram levados para a delegacia.
O condutor se negou a fazer o bafômetro, mas o exame clínico, realizado no Instituto Médico-Legal (IML), comprovou a embriaguez. Na delegacia, conforme Áurea Alessandra, ele admitiu ter bebido dois drinques durante a festa.
A delegada informou que ele responderá por homicídio doloso. Com a mudança na lei de trânsito, o contabilista não tem direito a fiança. Da delegacia, ele foi conduzido para o presídio regional, onde ficará à disposição da Justiça.
O carro do contabilista, que mora em Belo Horizonte, ficou bastante danificado; motociclista era operador de máquinas e seguia para o trabalho ao ser atingido (Foto: Reprodução/WhatsApp)
Ações educativas
Especialista em trânsito e professor da Fumec, Márcio Aguiar ressalta que a demora para a mudança de comportamento dos condutores é o mais preocupante. Na tentativa de coibir os casos, ele defende mais empenho em ações de conscientização. “O Código de Trânsito Brasileiro estabelece 5% de todas as multas aplicadas para a educação no trânsito, mas não observamos isso acontecer”, aponta.
Aguiar diz ser necessário a criação de uma consciência coletiva sobre os riscos do álcool, o que poderia mudar a realidade. “Em países como a Inglaterra, por exemplo, até o bar que deixou um motorista sair dirigindo embriagado é responsabilizado nos casos de acidentes. Lá, esse tipo de ocorrência é raro”.
Redução
Apesar do número de acidentes envolvendo motoristas embriagados, o assessor de comunicação do Batalhão de Trânsito da PM (BPTran), tenente Marco Antônio Said, que atua na capital, afirma que as ocorrências vêm diminuindo. Segundo ele, vários fatores contribuem para a queda. “A multa é pesada, a carteira de habilitação é suspensa por 12 meses e, no caso de óbito, a pena pode chegar a 8 anos. Sem falar nas operações da Lei Seca, que acontecem todos os dias em BH”, diz.
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(Fonte: Hoje em Dia)
