As interdições de rodovias federais promovidas pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) serão mantidas nesta terça-feira (22). A expectativa da entidade é que, em função das indecisões do governo sobre o assunto e da nova alta no preço dos combustíveis, o movimento ganhe força nas próximas horas. Balanço divulgado ontem (21) pela Abcam contabilizou interdições em 19 estados. Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que a mobilização foi ainda maior, atingindo 21 unidades federativas. No início desta manhã, a PRF já registrava 16 estados com pontos de rodovias interditados.
De acordo com a assessoria da Abcam, cerca de 200 mil caminhoneiros aderiram ao movimento. “Nossa expectativa é que esse número fique ainda maior hoje, tanto do ponto de vista da adesão de caminhoneiros como do número de pontos interditados. Tudo motivado pela falta de retorno por parte do governo, ainda mais após ter sido anunciado o sexto aumento do preço dos combustíveis, em uma semana. Isso foi visto como uma afronta pelos caminhoneiros”, disse a assessora da entidade, Carolina Rangel.
A Abcam informa que as manifestações ocorrem de forma pacífica, e que serão conduzidas de forma a não prejudicar o deslocamento das pessoas nas estradas. “A ideia é fechar apenas uma faixa ou ficar no acostamento, conscientizando os companheiros que porventura estiverem passando. Não queremos que as rodovias parem. Queremos preservar o direito de ir e vir das pessoas”, disse a assessora da Abcam.
Caminhoneiros fazem protesto contra a alta no preço dos combustíveis na BR-040, próximo a Brasília (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A entidade reivindica a isenção de PIS, Cofins e Cide sobre o óleo diesel utilizado por transportadores autônomos. A associação também propõe medidas de subsídio à aquisição de óleo diesel, que poderia ser dar por meio de um sistema ou pela criação de um Fundo de Amparo ao Transportador Autônomo. A categoria alega que os caminhoneiros vêm sofrendo com os aumentos sucessivos no diesel, o que tem gerado aumento de custos para a atividade de transporte. Segundo a associação, o diesel representa 42% dos custos do negócio e 43% do preço do combustível na refinaria vem do ICMS, PIS, Cofins e Cide.
Ontem, o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha, disse que o governo está preocupado com o aumento constante do preço dos combustíveis, mas ressaltou que ainda não há uma definição do que será feito. Segundo ele, está sendo estudada uma forma de tornar os preços dos combustíveis mais “previsíveis”. “O que vamos tentar é ver se encontramos um ponto em que possa ter um pouco mais de controle nesse processo para que os maiores interessados, o cidadão brasileiro e os transportadores, possam ter previsibilidade em relação ao que vai acontecer”, disse o ministro, durante evento no Palácio do Planalto.
“Vamos analisar, ver o que é possível fazer. Nós temos uma política internacional de preços que a Petrobras acompanha diariamente. Com o dólar subindo e o petróleo subindo internacionalmente, por certo tínhamos que ter um aumento dos combustíveis. O que vamos tentar é ver se encontramos um ponto em que possa ter um pouco mais de controle nesse processo”, acrescentou.
Ontem, durante teleconferência com a imprensa estrangeira, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse que o governo examina a redução de tributos incidentes sobre os combustíveis, mas não tem ainda nenhuma decisão sobre o assunto. Ele alertou, no entanto, não haver neste momento “flexibilidade fiscal” para fazer isso.
Os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também se manifestaram sobre o assunto, e anunciaram, para o dia 30, uma Comissão Geral no Congresso para acompanhar os desdobramentos da política de reajuste de preços de combustíveis no país.
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(Fonte: Agência Brasil)