Dizem que não há nada maior e mais valioso do que coração de mãe. Quem nunca ouviu o ditado popular “em coração de mãe sempre cabe mais um”? Neste domingo (13/05/2018), no dia dedicado a elas, a lavradora Nazaré Rodrigues dos Santos, de 58 anos, que tem cinco filhos adultos, ganhou o melhor e mais esperado presente: um coração novo.
Depois de um ano e meio de espera pelo transplante, ela conseguiu um doador e recebeu o coração em uma cirurgia que começou por volta de meio-dia e terminou no início da noite, no Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte.
Nazaré saiu de Jaíba, no Norte de Minas, em 2016 e foi para a capital em busca de uma solução para uma insuficiência cardíaca causada pela doença de chagas. Em alguns casos, a patologia destrói as células do coração, como no caso de Nazaré, e, para que o paciente se cure, é necessário o transplante do órgão.
A filha caçula de Nazaré, a dona de casa Solane Gonçalves dos Santos, de 27 anos, contou que a mãe passou a morar com ela e o marido em Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte, para fazer o tratamento. Mas, há cerca de um mês, ela tinha voltado para o Norte de Minas. “No início do tratamento, ela se sentia muito mal, mas com o passar do tempo foi melhorando e, por isso, voltou para a cidade dela”, contou Solane.
Porém, Nazaré ainda se sentia muito cansada. “Apesar da melhora, ela não dava conta de fazer muito bem as atividades de casa”, contou a filha, que fala da mãe como uma pessoa muito animada e carinhosa. “No coração dela já cabia tudo mundo e com esse novo, então, vai ser melhor ainda”, concluiu.
Coração saiu de Juiz de Fora na manhã deste domingo (Foto: PMMG/COMAVI)
Uma corrida contra o tempo
O cirurgião cardiovascular do Hospital das Clínicas, Paulo Henrique Nogueira Costa, explicou que a cirurgia de transplante de coração é um “trabalho de timing” (tempo). “O procedimento é todo coordenado, temos uma equipe em Juiz de Fora, de onde o coração veio, e uma aqui (na capital). Estamos em comunicação o tempo todo trabalhando em paralelo. Quando o coração chega aqui, a paciente já está pronta para recebê-lo”, relatou o médico.
Segundo Costa, o coração é o órgão que menos tolera a isquemia – tempo que fica sem ser irrigado no organismo. “São 4 horas entre o coração parar de bater em um doador e voltar a bater no receptor. Temos esse tempo”, contou.
De acordo com o especialista, o Hospital das Clínicas é referência em transplantes no Brasil. “O hospital tem uma experiência muito grande nesse tipo de procedimento, temos quase 300 transplantes de coração já realizados. Isso nos coloca em um grupo muito pequeno de hospitais no mundo que já realizaram esse tipo de procedimento”, disse Costa.
Resultados
A taxa de sobrevida é de aproximadamente 90%. Costa explicou que, após a cirurgia de transplante coronário, o paciente consegue ter um ritmo normal de vida, mas sempre terá que fazer acompanhamento. “O paciente vai precisar de uma rotina de medicamentos, que controlam a rejeição. Isso ocorre porque a reação do organismo é interpretar o novo órgão como um corpo estranho e atacá-lo”, contou.
Como doar órgãos
No Brasil, cerca de 32 mil pessoas aguardam por um transplante de órgão. Enquanto milhares esperam, 43% das famílias dos potenciais doadores não autorizam a retirada dos órgãos. Até o final do ano passado, 3.431 mineiros aguardavam por um doador compatível. O médico Paulo Henrique Nogueira Costa destacou a importância das pessoas se conscientizarem sobre a doação de órgãos. “Essa família que perdeu seu parente (doador da Nazaré) com certeza está passando por um momento muito difícil e, mesmo assim, teve a generosidade de pensar e ajudar outra família”, disse. O passo principal para se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito.
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(Fonte: O Tempo / Repórter: Ana Luiza Faria)