Água, energia elétrica, esgoto e acesso rodoviário: a falta dessa infraestrutura básica vem preocupando autoridades de Montes Claros (Norte de Minas), que temem atrasos na implantação de uma fábrica da Eurofarma Laboratórios S/A na cidade.
Deputados se uniram aos representantes municipais e empresariais para cobrar providências do Governo do Estado, durante reunião realizada nesta terça-feira (17/4/18) pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O investimento da Eurofarma foi anunciado em 2017 e as obras estão previstas para se iniciarem este ano. O empreendimento inclui uma fábrica de antibióticos e um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos, com a geração de 340 empregos diretos.
Primeira multinacional brasileira do setor de medicamentos, a Eurofarma possui cinco fábricas no Brasil e outras seis em outros países da América Latina.
O início das obras, no entanto, depende da instalação de infraestrutura na área destinada ao empreendimento. Autor do requerimento para realização da reunião, o deputado Carlos Pimenta (PDT) disse ser necessário um comprometimento maior do Governo do Estado. “Não podemos aguardar que o governo espere sobrar um dinheirinho para fazer isso”, afirmou o parlamentar.
De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Montes Claros, Edilson Torquato, outras 24 empresas também aguardam infraestrutura para definirem seus investimentos no município, algo que justificaria a criação de um segundo distrito industrial. “São 200 mil metros quadrados de empreendimentos, sem contar a Eurofarma”, garantiu.
De acordo com Edilson, muitas dessas empresas, inicialmente, se instalariam no primeiro distrito industrial de Montes Claros, mas acabaram recuando depois que as últimas áreas disponíveis foram ocupadas por famílias sem-teto. Apesar do distrito industrial já ter sido municipalizado, esses terrenos remanescentes pertencem à Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).
Desde que absorveu a Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais (CDI), a Codemig passou a ser responsável pela política estadual relacionada a esses empreendimentos. Durante a reunião desta terça (17), a diretora de Fomento da Indústria Criativa da Codemig, Fernanda Machado, disse que o Estado vem procurando substituir um modelo “imobiliário” de distritos industriais por algo mais planejado.
“O modelo de distrito industrial não pode mais ser preparar a terra e aguardar as empresas. Temos que saber qual a relação de empresas que vão ocupar aquele espaço”, afirmou. Caso contrário, segundo ela, podem voltar a acontecer ocupações como as que ocorreram em Montes Claros. Com relação à demanda específica de infraestrutura, ela recomendou que a ALMG encaminhasse suas preocupações ao Comitê de Desenvolvimento Econômico do Estado, que poderia deliberar sobre a questão.
Deputados defendem priorização política
O deputado Tadeu Martins Leite (PMDB) afirmou que a intervenção da Assembleia é fundamental para resolver a questão, em uma época de crise financeira do Estado. “Sabemos que parte das pendências são uma questão de priorização política. E nisso, posso ajudar”, afirmou o parlamentar. O deputado Paulo Guedes (PT) também garantiu apoio ao município. “Todas essas reivindicações são legítimas e importantes”, afirmou.
Vice-prefeito de Montes Claros e presidente da Fiemg – Regional Norte, Adauto Marques Batista disse que, segundo informações da Eurofarma, a fábrica de medicamentos pode entrar em funcionamento em até dois anos e meio, desde que a falta de infraestrutura não imponha atrasos.
Carlos Pimenta defendeu que Montes Claros merece uma atenção especial, tendo em vista que pode oferecer às empresas benefícios relativos à Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Segundo o deputado, 21 municípios capixabas da área da Sudene têm conseguido captar mais investimentos que os 200 municípios mineiros dessa mesma região.
Por fim, após a infraestrutura básica, também houve na reunião quem cobrasse atenção para outras questões mais elaboradas, tais como transmissão de dados e aproveitamento da mão de obra qualificada formada na região. “Hoje, Montes Claros forma mão de obra especializada que não tem onde trabalhar. É um êxodo urbano, educacional. Temos que pensar que tipo de indústria queremos atrair”, argumentou o diretor industrial da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montes Claros, Abílio Carnielli.
Requerimentos – Ao final da reunião, foram aprovados dois requerimentos de autoria do deputado Carlos Pimenta sobre a questão. Um deles solicita à Codemig que providencie, junto à Copasa e à Cemig, a instalação de infraestrutura de água e energia na área industrial. O outro encaminha pedido semelhante ao Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DEER-MG), para construção do acesso rodoviário.
Também foi aprovado requerimento do deputado Roberto Andrade (PSB) para que seja realizado debate público sobre os juros abusivos e seu alto custo para o desenvolvimento do Brasil e para a vida dos cidadãos.
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(Fonte: ALMG)