“Meu trajeto diário é a balsa. Infelizmente aqui no nosso povoado não tem nenhum comércio. Dependo de ir para o outro lado do rio para comprar coisas em farmácias e supermercado. Sem contar que estou doente e faço tratamento em Ipatinga contra o câncer. Mesmo com medo terei que ir de bote, para não perder as consultas”.
O relato é do aposentado Augusto Alves de Oliveira, de 77 anos, morador do povoado de São Lourenço, em Belo Oriente, no Vale do Rio Doce. Ele é um dos mais de 500 usuários que necessita diariamente da balsa, que realizava a travessia de pedestres e motoristas entre o povoado e o distrito de Cachoeira Escura. Mas, desde da última quinta-feira (22), o serviço foi paralisado pela Marinha.
Segundo o funcionário da balsa, o técnico em mecânica Luiz Fernando, o órgão chegou ao local e informou que estava embragando o uso do transporte por irregularidades.
“De acordo com eles, nós não temos a carteira de habilitação emitida pela Marinha na categoria Arrais, além de outros documentos. Outro pré-requisito de funcionamento seria a presença de coletes e boias salva-vidas. Mas a grande questão é que a Marinha nunca informou para nós a necessidade desses elementos, eles simplesmente chegaram aqui é fecharam o local de travessia. Por várias vezes nós telefonamos para eles, tentando um contato para atualização, mas eles nunca tinham vagas”, explicou.
Luiz informou que a opção dos moradores agora é atravessar de botes, ou enfrentar a estrada de terra até a cidade de Ipaba, totalizando 17 km de trajeto. “Atravessando pelo rio é rapidinho; com cinco minutos as pessoas já estão em Cachoeira Escura. Nós tínhamos um contrato mensal com muitos deles e era cobrado R$ 40 mensal para a travessia. Agora eles tem como ir de bote, onde estão cobrando R$ 2 por vez utilizada, ou a estrada de chão, que fica bastante inviável e longe”, finalizou.
Moradores estão utilizando botes para fazer a travessia (Foto: Reprodução/Inter TV dos Vales)
O que diz a Marinha
A Marinha do Brasil informou, por meio de nota, que o Comando do 1º Distrito Naval, “a fim de garantir a salvaguarda da vida humana e a segurança da navegação no Rio Doce”, retirou de tráfego, através de militares da Capitania dos Portos do Espírito Santo (CPES), a balsa em Belo Oriente (MG), “após realização de inspeção na qual foi verificado que a embarcação encontrava-se irregular no que diz respeito à documentação e à segurança dos passageiros”.
Ainda segundo a nota, “o transporte de passageiros deve ser realizado por embarcações regularizadas junto à Autoridade Marítima, dotadas de material de salvatagem (coletes e boias salva-vidas), extintores de incêndio e serem conduzidas por pessoal habilitado, a fim de garantir a segurança dos passageiros”.
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(Fonte: G1 Vales)